As concessionárias de veículos jogam suas fichas no fim da redução do IPI, na queda da inadimplência e na volta de políticas mais agressivas de crédito para animar as vendas de automóveis no Natal. Depois de um primeiro semestre mais fraco, as vendas começam a dar sinais de reação.
Segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) no Paraná, os bancos, principalmente de montadoras, voltaram a ser mais agressivos, com subsídio de taxas de juros e maior facilidade na liberação de cadastros.
A Fenabrave projeta que as vendas nos dois últimos meses sejam entre 3% e 4% superiores ao do mesmo período de 2012. No ano, segundo o presidente da Fenabrave, Luis Antonio Sebben, o crescimento deve ser de 2%. "Tivemos um primeiro trimestre abaixo do esperado e um segundo praticamente igual ao do ano passado, mas as vendas melhoraram no terceiro trimestre", diz.
Com o recuo da inadimplência, o índice de aprovação de crédito está hoje em 70%, contra 40% no ano passado. Segundo dados do Banco Central, os atrasos com mais de 90 dias nos financiamentos de automóveis estavam em 5,7% em setembro. No mesmo período do ano passado, esse índice estava em 7,1%.
A aposta também é que os consumidores antecipem compras diante da possibilidade de retirada dos descontos no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 31 de dezembro. Embora tenha pouco efeito financeiro já que o IPI vem retornando progressivamente , as concessionárias investem no "efeito psicológico", segundo Paulo Ricardo Godinho Ferreira, supervisor da concessionária Gran Park da Mario Tourinho. A expectativa dele é vender 10% mais que no Natal passado.
A disputa acirrada entre as marcas pelo consumidor, principalmente nos carros com preços de R$ 25 mil a R$ 30 mil categoria na qual há uma grande oferta de produtos deve movimentar feirões e negociações.
"Os bancos de montadoras voltaram a oferecer taxas mais competitivas e prazos mais alongados, de até 60 meses", diz Everaldo Carlos Messiani, gerente geral da Copava no Cabral. A concessionária vai ampliar de 12 para 16 o número de empregados para atender o horário de fim de ano, que será estendido em uma hora todos os dias.
"Tradicionalmente os dois últimos meses são bons para o setor, por conta do décimo terceiro salário, das férias e das novidades que estão chegando ao mercado", diz Antonio Carlos Altheim, diretor comercial do grupo Corujão. Ele espera que as vendas no fim de ano subam entre 2% e 3%.
Apesar das promoções nas taxas de juros, os bancos ampliaram as exigências de entrada. "Para financiamentos com taxa zero, exige-se em média de 40% a 50% do valor do veículo e os prazos são mais curtos, até 24 meses, por exemplo", diz.
Entrada maior empaca financiamentos
A Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) reduziu a projeção de crescimento do saldo de crédito para veículos para 2013, de 6% para 2%, depois de verificar o fraco resultado no acumulado do ano. De janeiro a agosto, o setor registra um estoque de credito total de R$ 233,3 bilhões, uma queda de 4,9% em relação ao mesmo período do ano passado. A conta inclui as operações de Crédito Direto ao Consumo (CDC) e de leasing. Além da indefinição do mercado, com os bancos ainda se recuperando dos problemas com inadimplência em suas carteiras, as campanhas promocionais com juros reduzidos em troca de uma entrada maior têm diminuído o valor a ser financiado.
IPI maior
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos automóveis vai subir em 1.º de janeiro, mas não integralmente. A alíquota a ser aplicada será definida até o fim do ano. A decisão foi comunicada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao presidente da Associação Nacional do Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, na última sexta-feira.
"Ficou claro que a alíquota não voltará integralmente e pedimos que seja a menor possível", disse Moan, após o encontro. "Para nós, o melhor mesmo seria manter como está hoje."
Após passarem por duas mudanças em maio de 2012 e março, as alíquotas estão em 2% para carros 1.0, em 7% para carros até 2.0 flex e em 8% para a gasolina. As taxas antes do corte promovido no ano passado eram, respectivamente, de 7%, 11% e 13%.