Apontados por geeks, nerds e futurologistas de toda sorte como algo "revolucionário", os tablets de fato representam um marco histórico no mundo da tecnologia. Os quadradinhos mágicos, no entanto, estão longe de se tornar um item indispensável para a vida humana na Terra daqui para a frente. Para especialistas do mercado de tecnologia, os tablets são apenas mais um dispositivo móvel à disposição do consumidor, assim como os smartphones, notebooks e netbooks, cada um com suas características e funcionalidades específicas.
"É um produto que vai ter o seu espaço como mais um dispositivo e não como substituto de algo. Até porque este não é necessariamente um produto novo. Houve no passado duas tentativas de alavancar os tablets, todas sem sucesso", aponta o diretor de pesquisas da consultoria ITData, Ivair Rodrigues.
Preços altos e funcionalidade ainda restrita ao uso para lazer e consumo de informação leitura de livros, jornais e revistas também são apontados como fatores que impedem projeções mais ousadas para a popularização dos tablets.
"Na prática, o mercado de tablets no Brasil começou agora com o lançamento, em novembro, do Galaxy da Samsung e o lançamento do iPad [da Apple]. Por isso é muito cedo para fazer qualquer projeção, como a de alguns analistas que dizem que o produto vai acabar com os notebooks e netbooks", diz. "De qualquer forma, pode-se dizer que ele não é um dispositivo voltado para o trabalho. Digitar um texto longo [em um tablet] se torna uma tarefa altamente desagradável. É mais uma opção. Não mais do que isso", pondera.
Já para o diretor de marketing da Fast Shop e da a2you duas das redes que vendem o iPad no Brasil , Luiz Pimentel, o produto tem potencial para ser usado como ferramenta de trabalho. "É tudo um questão de adaptação. Eu, por exemplo, não vou mais às reuniões sem levar o meu", garante. Para ele, o produto surge como concorrente, e não substituto, dos netbooks. "Não é um substituto, até porque ele inaugura uma nova categoria que não existia. Mas muita gente que optaria pelo netbook está indo para o tablet", afirma.
Sobre as vendas do produto, o executivo não revela os números, mas garante que a procura está acima das expectativas. "As vendas estão surpreendendo e, em algumas lojas, chegou a faltar produtos e tivemos de repor de outras lojas ou encomendar mais para a Apple. É a grande procura dentro das nossas redes", afirma. A Apple não autoriza seus executivos a concederem entrevistas.
Objeto de desejo
Para Rodrigues, da ITData, a badalação em torno dos aparelhos ainda está muito ligada ao status da novidade, ao glamour da marca Apple e ao objeto como desejo de consumo. "Mas quando as empresas de mercado começarem a divulgar pesquisas e balanços será possível ver com clareza que um tablet está muito mais para concorrente de um smartphone do que de um notebook", garante.
Segundo ele, os tablets ainda devem passar por grandes transformações. "É um produto que ainda vai evoluir muito, assim como aconteceu com outros dispositivos. Essa é a grande vantagem para o consumidor: os produtos mudam, agregando vantagens, mobilidade e tecnologias. Estamos falando das primeiras unidades de um produto que desbrava um segmento", finaliza.