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Risco da dívida espanhola bate recorde

Funcionários do aeroporto de Barcelona protestaram ontem contra possível corte de benefícios | Albert Gea /Reuters
Funcionários do aeroporto de Barcelona protestaram ontem contra possível corte de benefícios (Foto: Albert Gea /Reuters)

O nível de risco soberano da Espanha disparou ontem para um nível recorde na era do euro, com Madri anunciando a emissão de novos títulos para financiar a dívida que atingiu as regiões autônomas e com os bancos se esforçando para "limpar" empréstimos tóxicos. O prêmio da dívida – o retorno extra que os investidores exigem para comprar títulos espanhóis em detrimento dos títulos alemães, mais seguros – saltou para o recorde da era euro de 5,16 pontos porcentuais.

Os mercados fraquejaram ante preocupações sobre o nível da dívida em poderosos governos regionais e em sinal de um sistema bancário sob estresse, forçado a obedecer a duras novas reformas. O governo espanhol disse que iria aprovar na sexta-feira a questão dos bônus conjuntos – os "hispanobônus" – por parte dos 17 governos regionais, de modo a tornar mais barato para eles o financiamento de suas dívidas.

O objetivo é reduzir a pressão sobre as regiões. Os 17 governos regionais da Espanha têm sofrido uma queda das receitas fiscais e um aumento da dívida desde o colapso imobiliário de 2008, e lutam para pagar fornecedores. A Moody’s Investors Service alertou na semana passada sobre os desafios do déficit no país, ao mesmo tempo em que rebaixou a nota de crédito para a Catalunha e outras três regiões: Múrcia, Andaluzia e Estremadura.

O presidente da Catalu­nha, Artur Mas, pediu na sexta-feira que o governo central aprovasse o uso dos hispanobônus, que seriam emitidos para todas as regiões e garantidos pelo Estado. Apenas a Catalunha soma déficit de pagamentos, incluindo custos de refinanciamento, da ordem de 13,48 bilhões de euros (17 bilhões de dólares) em 2012.

Os investidores também têm demonstrado profundas preocupações quanto aos esforços dos bancos em dificuldades para fortalecer seus balanços. O governo este mês instruiu os bancos a reservar um extra de 30 bilhões de euros em 2012 para o caso de problemas com os bens relacionados a empréstimos, além dos 53,8 bilhões de euros exigidos para reformas decretado em fevereiro. Três caixas de poupança espanholas – Ibercaja, Liberbank e Caja3 – anunciaram que votariam uma fusão no final do dia. Outro credor, o Banco Popular, cuja dívida de longo prazo foi rebaixada pela Standard and Poor’s na sexta-feira para o nível de "junk bonds" (bônus lixo), disse que estava tentando vender seu internet banking para obter capital.

Os investidores expressaram preocupações depois que o governo conservador do primeiro-ministro Mariano Rajoy afirmou que estava considerando usar a captação obtida através da emissão de dívida soberana para injetar capital diretamente no Bankia, que foi recentemente nacionalizado. O Bankia pediu na sexta-feira que o Estado injetasse 19 bilhões de euros para ajudar a instituição a cumprir as regras mais rigorosas de capital, além dos 4,465 bilhões de euros investidos pelo Estado no início deste mês.

A imprensa espanhola disse que outros bancos problemáticos poderiam precisar de outros 30 bilhões de euros. Proporcionando um cenário sombrio, o Banco da Espanha emitiu um relatório prevendo que a recessão da Espanha, que começou no último trimestre de 2011, continuará pelo menos até o meio de 2012.

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