Brasília O consumo em alta, os investimentos ainda baixos e a perspectiva de aumento nos gastos públicos, agravada pela chegada do ano eleitoral, foram as principais causas que levaram o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central a interromper a seqüência de cortes na taxa de juros, que já durava 25 meses. Também tiveram peso a crise financeira internacional e a alta nos preços do petróleo e dos alimentos no mundo inteiro.
Todos esses fatores aumentam o risco de alta da inflação em 2008. Por prudência, os diretores do BC, que integram o Copom, decidiram fazer uma pausa nos cortes. Por quanto tempo, é algo que a ata da reunião na qual os juros foram mantidos em 11,25% ao ano, divulgada ontem, não revela.
Economistas de fora do governo acham que os cortes serão retomados em abril do ano que vem, como o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves. Fernando Montero, economista-chefe da corretora Convenção, também acredita que será em março ou abril. O coordenador de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, avalia que a pausa não será curta. Mais otimista, o economista Francisco Pessoa Faria, da consultoria LCA, acha que os cortes poderão ser retomados já em dezembro.
A ata explica que a pausa é necessária para avaliar os efeitos que os cortes nos juros realizados nos últimos meses exercerão sobre a economia. Segundo o documento, os diretores do Banco Central interromperam os cortes até terem mais claro o que acontece com a inflação, quando a queda dos juros é combinada com outros elementos que pressionam os preços para cima.
Na avaliação do BC, é preocupante o fato de a indústria haver batido recorde na utilização de sua capacidade instalada em agosto, quando chegou a 83,6%. Significa que, se o consumo continuar em alta, a produção industrial pode bater no teto. No limite, podem faltar produtos, abrindo espaço para remarcações. Os diretores reconhecem que a indústria vem investindo para ampliar sua capacidade de produção, mas temem que isso não ocorra no tempo e no volume suficientes.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast