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Histórico

Acompanhe a trajetória das empresas X

2005 – Eike Batista cria a mineradora MMX.

2006 – Abre o capital da MMX e levanta R$ 500 milhões.

2007 – Cria a petroleira OGX e a empresa de logística LLX.

2008 – Realiza o IPO da OGX e arrecada US$ 4,1 bilhões.

2009 – Funda o estaleiro OSX.

2010 – OSX abre capital, com R$ 1,4 bilhão.

2012 – OGX começa a produzir petróleo. Mas em julho a produção cai por problemas operacionais. Vende as ações da MPX para a alemã E.ON.

2013 – Vende parte do capital da LLG para o grupo EIG e cede o controle de seu porto de minério de ferro, o MMX, para a trading holandesa Trafigura Beheer e para o fundo soberano Mubadala, de Abu Dhabi. Com dívidas de R$ 11,2 bilhões, OGX entra com processo de recuperação judicial na última quarta-feira na Justiça do Rio de Janeiro. No dia seguinte, A OSX, do mesmo grupo e que é uma das principais credoras da OGX, reconhece a possibilidade de também entrar com pedido de recuperação judicial.

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A queda do império de Eike Batista, que na semana passada ganhou novos capítulos, com o pedido de recuperação judicial da petroleira OGX, poderá ter desdobramentos também na vida das demais empresas brasileiras.

O efeito mais imediato do "fantasma Eike" deve ser uma maior aversão ao risco dos investidores e um encarecimento no custo de captação de recursos para novos projetos, segundo economistas. A derrocada do grupo ocorre em um momento em que o Brasil já vem perdendo o brilho lá fora, impactado pela piora do quadro das contas públicas, baixo crescimento e inflação alta. "Um problema como esse costuma ter um forte efeito negativo frente aos investidores internacionais", diz Lucas Dezordi, coordenador do curso de Economia da Universidade Positivo (UP).

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Segundo ele, os problemas de Eike Batista provocaram uma redução na confiança sobre a real capacidade de governo brasileiro, empresas e instituições financeiras em avaliar a viabilidade de projetos. "Eles passam a contabilizar um risco maior em apoiar empresas daqui, com isso o custo também será maior", diz.

Para o professor de Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), Sergio Bessa, o mau humor dos investidores será relativo e vai durar poucos meses. "O mercado vai regular isso e tem dinheiro sobrando no mercado. Ninguém vai deixar de financiar empresas como Gerdau, Votorantim, Vale. Mas haverá uma desconfiança maior, sim, no caso de novos projetos", diz.

O que deu errado

Para a maioria dos economistas, o erro de Eike Batista foi apostar suas fichas em várias áreas, algumas delas nas quais não tinha conhecimento tecnológico, aliado a um alto nível de endividamento. "Ele apostou em megaprojetos sem tirar dinheiro do bolso e com um cronograma de execução otimista. Ele vendeu um sonho que não se realizou", afirma João Basílio Pereima Neto, coordenador do curso de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Para Bessa, da FGV, a OGX terá grande dificuldade em negociar seu plano de recuperação judicial porque grande parte dos seus credores são internacionais. Estima-se que dos R$ 11,2 bilhões em dívidas, R$ 8,1 bilhões se refiram a operações de seus bônus no exterior. Aliado a isso, a empresa, em estágio pré-operacional, só terá como gerar caixa a partir de 2017, o que é um forte complicador nas negociações. Para a OGX e Eike Batista, o pesadelo parece longe de acabar.

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