Após um desempenho vigoroso durante a maior parte do dia, o mercado financeiro perdeu fôlego no fim da tarde e deixou escapar a chance de um "grand finale". A Bolsa de Valores de São Paulo, que chegou a subir 2,93%, fechou em queda de 1,06%, aos 36.110 pontos. O dólar comercial terminou com alta de 0,1%, vendido a R$ 2,292. Mais cedo, tinha caído 2,12%. O risco Brasil, que amanheceu em queda, chegou ao fim da tarde com alta de 2,88%, marcando 285 pontos centesimais.
Desde o dia 10 de maio, quando o Banco Central dos Estados Unidos elevou a taxa de juros do país e desestabilizou o mercado financeiro mundial, o risco aumentou 30,7%, o dólar subiu 11,26% e a Bovespa acumulou desvalorização de 13,9%, tendo caído em nove dos dez pregões do período.
- O mercado está volatilidade pura - resumiu Alvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora Senior
Desde o início do dia, quando a bolsa e o dólar exibiam variações exuberantes, analistas alertavam que era prematuro falar em recuperação do mercado e classificavam o desempenho de hoje como um ajuste.
- Nada mais natural do que um ajuste - comentou o analista Gustavo Barbeiro, da corretora Prosper.
Até o meio tarde, o cenário internacional era positivo. As bolsas européias fecharam com forte valorização (leia) e as bolsas de valores dos Estados Unidos vinham em alta desde o início do pregão, mas acabaram fechando em queda ( veja ), prenunciando uma nova jornada difícil para a quarta-feira.
A diretora de câmbio da corretora AGK, Miriam Tavares, acredita que os negócios continuarão instáveis até a próxima reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), nos dias 28 e 29 de junho. Até lá, todos os indicadores da econômica americana serão acompanhados de perto - especialmente os que influenciam diretamente as decisões sobre juros, como o índice de gastos pessoais (PCE, em inglês), que será divulgado na sexta-feira.
"Se o número vier acima do consenso dos analistas, é muito provável que ocorra uma nova rodada de vendas de ativos avaliados por eles como menos seguros dos que os Treasuries (os títulos do Tesouro Americano). Portanto, pelo menos até a divulgação deste dado, os mercados devem continuar voláteis, tensos, porém indefinidos", afirmou Miriam, em relatório divulgado nesta terça.
Juros
Os contratos de juros futuros fecharam em alta. O Depósito Interfinanceiro (DI) mais negociado na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), com vencimento em janeiro de 2008, avançou 2,52%, para 15,48%. O DI para janeiro de 2007 projetou taxa anual de 15,11%, alta de 1,55% em relação ao fechamento de ontem. E o contrato mais curto, para julho deste ano, aumentou 0,46%, para 15,38%.
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