A nova chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, alertou neste sábado (27) que a economia global pode voltar à recessão e pediu medidas coordenadas urgentes, incluindo recapitalização obrigatória de bancos europeus.
"Os desdobramentos deste verão indicam que estamos em uma perigosa fase nova", disse Lagarde durante em reunião anual de líderes globais de política monetária, realizada no Federal Reserve de Kansas City, nos Estados Unidos.
"Os riscos são claros: estamos arriscando ver o descarrilamento da frágil recuperação. Então, precisamos agir agora."
Dois anos depois do fim da pior crise financeira recente, o crescimento nos EUA e na Europa está enfraquecendo e as crises de dívida em ambos os lados do Atlântico abalaram a confiança pública na recuperação global.
Economias avançadas precisam forjar planos de longo prazo para controlarem suas dívidas, mas, ao mesmo tempo, não podem adotar políticas restritivas ao crescimento muito rapidamente para não prejudicarem a recuperação econômica, disse Lagarde.
"Colocando em termos simples, as políticas macroeconômicas precisam apoiar o crescimento", disse a ex-ministra francesa da Economia em seu primeiro grande discurso sobre política econômica desde que assumiu o cargo de diretora-gerente do FMI, após a saída de Dominique Strauss-Kahn do posto, em julho.
"A política mornetária também pecisa continuar altamente acomodativa, já que o risco de recessão supera o risco da inflação", disse ela, acrescentando que o banco central deve estar preparado para voltar a adotar medidas não convencionais se necessário.
Os bancos europeus precisam ser recapitalizados, disse Lagarde, acrescentando que a forma mais eficiente de fazer isso é por meio de uma "substancial recapitalização obrigatória" por canais privados, se possível, e alguma forma de financiamento público europeu. Países europeus precisam também colocar em prática planos de redução de déficits com um "plano factível de financiamento", incluindo apoio continuado do Banco Central Europeu.
Nos Estados Unidos, o foco em consolidação fiscal de longo prazo não pode ignorar a importância de geração de crescimento no curto prazo, acrescentou Lagarde.
"Afinal, quem acreditaria que os compromissos de corte de gastos poderão sobreviver a uma estagnação longa com prolongados índices de desemprego alto e insatisfação social", questionou a chefe do FMI.
As autoridades também precisam conter a crise no mercado imobiliário norte-americano por meio de intervenção de agências de financiamento do governo e programas mais agressivos para redução de dívida dos proprietários de imóveis.