Ricardo Langer, Gustavo Emmendoerfer e Walter Kapp, sócios da EngeMovi, e o robô Hexaflex: seis anos de desenvolvimento| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Mecanismo

Soldagem na base da força, mas com jeito

Há coisas que exigem força, outras que precisam de jeito. O robô Hexaflex usa um pouco de cada.

Dotado de um scanner a laser, ele mapeia a superfície de trabalho em três dimensões, o que garante mais precisão à soldagem. Em seguida, para encaixar um pino no orifício de uma chapa de aço, por exemplo, o Hexaflex gira esse pino em altíssima velocidade contra essa abertura. Em poucos segundos, está feita a solda.

Vantagem

O processo é mais rápido e provoca menos fissuras e deformações que a soldagem convencional. "A soldagem a arco elétrico gera muito calor e por um tempo prolongado, provocando muita tensão no material. O reparo feito com a solda por atrito é mais preciso, e também mais fácil de ser feito debaixo d’água, o que é importante para a indústria naval", explica o engenheiro eletricista Gustavo Emmendoerfer, um dos sócios da EngeMovi.

Além dos fabricantes de plataformas, a indústria aeronáutica também é um cliente potencial para o produto – a solda por atrito poderia substituir os rebites das fuselagens de aeronaves.

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7 empresas estão incubadas na Incubadora Tecnológica do Tecpar (Intec). Desde 1989, 75 empresas já passaram pela incubadora, entre elas a Bematech, hoje grande fornecedora de equipamentos de automação comercial.

Uma pequena empresa de Curitiba trabalha para se tornar fornecedora de uma nova tecnologia para a indústria do petróleo. A EngeMovi, instalada na Incubadora Tecnológica do Tecpar (Intec), na Cidade Industrial de Curitiba, está concluindo o desenvolvimento de um robô para fazer a soldagem de cascos de navios e plataformas.

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O Hexaflex consumiu seis anos de trabalho e um investimento de R$ 2,5 milhões. Pesa cerca de 60 quilos e faz soldagens por atrito, um processo inovador que consiste na união de materiais por meio do calor gerado pela força. O método é mais rápido e preciso que o convencional, a soldagem a arco elétrico, usada há décadas pela indústria e a construção civil.

Os robôs de soldagem tradicionais – das montadoras de veículos, por exemplo – são do tipo serial, com braços que têm grande amplitude de movimentos mas fazem pouca força. A estrutura do Hexaflex é diferente, mais rígida. O primeiro protótipo pode aplicar até 500 quilos de força, e o segundo, que começa a ser montado ainda neste ano, terá capacidade de 4 toneladas.

"É um tipo de aplicação que não tem concorrentes em nível mundial. Nós buscávamos um nicho inexplorado, para não sermos esmagados pela indústria estabelecida", conta o engenheiro mecatrônico Ricardo Artigas Langer, um dos três sócios da EngeMovi. O plano da empresa é ambicioso. "Queremos virar uma fábrica de robôs industriais", diz.

Portátil

Como a tecnologia do Hexaflex é nova, dificilmente vai se disseminar tão cedo, como bem sabem Langer e seus dois sócios, Gustavo Emmendoerfer e Walter Antonio Kapp. Por isso, a empresa já se prepara para desenvolver um robô serial chamado ESR, para soldagens a arco elétrico. A ideia é que ele seja o ganha-pão da EngeMovi enquanto o Hexaflex não ganha o mundo.

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Com apenas 20 quilos, o ESR poderá ser levado a campo, o que o torna ideal para a construção e reparo de dutos para petróleo, por exemplo. Essa portabilidade também faz dele um produto sem concorrentes, com mais chance de prosperar. O desenvolvimento deve durar um ano e meio, com subvenção de R$ 600 mil da Finep, do governo federal.

Automação

Por enquanto, o que paga as contas da empresa e o salário de seus dez funcionários são os serviços de automação industrial que ela presta para clientes como Bosch, Aker Solutions, Electrolux, Petrobras e a Tecsis, uma fabricante de pás para aerogeradores.

A EngeMovi já desenvolveu 40 projetos de automação e robótica, dos quais quatro têm registro de patente. Um dos principais é o PIG, uma sonda autônoma que inspeciona dutos de petróleo por dentro, em busca de microcorrosões.

Dinheiro

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Os recursos para o Hexaflex vieram de um convênio com a Petrobras e a Finep. A EngeMovi recebeu apoio tecnológico da UTFPR e das universidades federais de Santa Catarina (UFSC) e Uberlândia (UFU) – esta desenvolveu o cabeçote de soldagem que será instalado no robô em agosto.