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Inteligência Artificial

Robô-parceiro de Tiago Leifert na TV quer ser multitarefa dentro das empresas

Foto: Reprodução (Foto: Marcos Garcia Tosi)

Recepcionar clientes, gerenciar tarefas e advertir funcionários. Atividades que parecem descrever uma vaga de emprego são, na verdade, funções de um robô programável com inteligência artificial. Tinbot, como é chamado, foi desenvolvido pelo paranaense Marco Diniz Garcia Gomes, 30 anos, e é considerado o primeiro robô humanoide (com aparência humana) desenvolvido no Brasil. Para muita gente, Tinbot não é um rosto estranho. Desde abril deste ano ele é mascote e parceiro de bancada do apresentador Tiago Leifert, da Rede Globo, no programa sobre games Zero1.

O produto nasceu de um hobby de Gomes, que é programador da DB1, multinacional de tecnologia sediada em Maringá (PR). Após realizar cursos em eletrônica e robótica, o cientista da computação começou a desenvolver protótipos de robôs que pudessem ajudar profissionais no ambiente de trabalho. Em seis meses de estudos e testes, nasceu a primeira versão do Tinbot, ainda pouco trabalhado em design e sem nome oficial.

“O sucesso foi tanto que a DB1 viu que o robô tinha potencial para virar um produto. A Tinbot Robótica nasceu, então, como uma startup dentro da multinacional em 2017”, recorda o programador.

De acordo com Gomes, atualmente é possível encontrar o robô atuando como recepcionista no Centro Universitário Maringá e na EVOA Aceleradora, como gestor de indicadores no Sicoob (Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil) e concierge no Hotel Villa Rossa, no interior de São Paulo.

Em sua última versão, a Pro, o Tinbot ganhou design mais futurista, estrutura interna de metal e bateria com autonomia de duas horas e vida útil de até dois anos. Cada unidade é vendida por R$ 16.500 — a versão anterior do robô custava R$ 10 mil.

Confira entrevista com o criador do Tinbot:

Como o Tinbot pode ajudar na eficiência de uma empresa?

O Tinbot é programável e, desta forma, cada empresa decide o que ele vai fazer. Um dos robôs que vendemos, por exemplo, atua na área de projetos. Ele consulta os dados da empresa rapidamente, verifica o andamento dos trabalhos, analisa se algo está atrasado e descobre quem foi o responsável pela demora. Até para dar bronca na equipe é mais fácil, uma vez que o Tinbot tem expressões engraçadas e, por ser um robô, evita conflitos de relacionamento com gestores.

Também temos um robô que interage com os clientes em uma cooperativa de crédito — lembrando as senhas de atendimento. Ele diz: “Cliente do número 36, estão chamando sua senha”. E como a presença do Tinbot é bastante inusitada, a experiência acaba distraindo as pessoas e aliviando a tensão da espera.

Como ele atende negócios de diversos segmentos?

Mandamos o robô pré-programável ao cliente. A empresa, por sua vez, pode cadastrar as respostas que o Tinbot vai falar de três formas: por linguagem simples, quando o usuário insere frases em português e emojis que correspondem às emoções do robô; por programação em java script; e por inteligência artificial, para companhias que utilizam Watson, da IBM, por exemplo. Nós também ajudamos o cliente com suporte, mas nosso objetivo é que as empresas aprendam a utilizar o Tinbot sozinhas.

Quais tecnologias são utilizadas no Tinbot?

Utilizamos o Microsoft Azure (armazenamento em nuvem) e o IBM Watson (inteligência artificial).

O reconhecimento facial do Tinbot é feito on-line pela Microsoft porque se fosse offline seria armazenado no próprio equipamento e o processamento ficaria muito pesado. Como a tecnologia na nuvem não é cara, deixamos on-line. No entanto, o robô não precisa estar sempre conectado. Ele possui um modo de segurança mais simples em que está programado com perguntas básicas, que não exigem atualização constante. Na versão on-line, por sua vez, o Tinbot pode até informar a cotação do dólar.

Em sua opinião, quando robôs humanoides serão acessíveis para uso doméstico?

Acredito que eles cheguem logo, entre cinco e dez anos. A grande questão é se haverá usabilidade para esses robôs. A Siri, da Apple, e o Google Assistente, por exemplo, podem atender melhor essa demanda. Um robô físico não oferece tanta diferença de um assistente virtual em ambientes domésticos. Para empresas, por outro lado, o físico causa mais impacto porque há um fluxo maior de pessoas. Para valer a pena ter um robô em casa, ele tem de custar menos que um smartphone.

Em sua avaliação, o que falta para o Brasil avançar com mais rapidez em tecnologia e inovação?

Vemos muita gente querendo aprender inteligência artificial e eletrônica. Mas o que falta no país é incentivo tributário. O custo das peças e a burocracia nos negócios dificultam a inovação. Quem entrar nesse ramo tem que desbravar muita coisa. A Tinbot Robótica só conseguiu sobreviver porque está vinculada à DB1. Não conseguiríamos criar a empresa sozinhos. Muita gente deve desistir por inviabilidade financeira.

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