Uma máquina que administra sedativos recentemente começou a tratar pacientes em um hospital de Seattle (EUA). Em um hotel do Vale do Silício, um camareiro robô entrega itens aos hóspedes. Meses atrás, um software de algoritmo escreveu um artigo noticioso inédito sobre um terremoto, que foi publicado pelo jornal Los Angeles Times.
Embora temores de que a tecnologia vai transferir vagas de trabalho sejam tão velhos quanto os Luddistas (partidários do ludismo, movimento contrário à mecanização do trabalho), há sinais de que, desta vez, realmente a história pode ser diferente. Os avanços tecnológicos dos últimos anos permitindo que máquinas imitem a mente humana estão permitindo que equipamentos realizem trabalhos lógicos e executem serviços, além das tarefas em escritórios e nas fábrica.
Os economistas há muito argumentam que, da mesma forma como fabricantes de charretes deram lugar a fábricas de veículos, a tecnologia criaria tantas vagas de trabalho quantas destruiria. Agora, muitos deles têm dúvida quanto a veracidade dessa equação.
Lawrence H. Summers, ex-secretário do Tesouro americano, recentemente afirmou que não mais acredita que a automação vai sempre gerar empregos. "Não se trata de uma possibilidade hipotética futura. Isto é algo que está emergindo agora diante dos nossos olhos", disse. Erik Brynjolfsson, economista do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), afirmou: "Este é o maior desafio para nossa sociedade na próxima década", sintetizou.
Brynjolfsson e outros especialistas acreditam que a sociedade tem uma oportunidade de enfrentar o desafio de uma maneira que possibilite que a tecnologia seja principalmente uma força positiva. Além de tornar alguns oficios obsoletos, novas tecnologias têm tido ainda a função de complementar as habilidades das pessoas, tornando-as mais produtivas: da mesma forma como a internet e os processadores de texto fizeram para os empregados de escritórios e a cirurgia robótica fez para os cirurgiões.
Sofisticação
Agora há uma profunda incerteza sobre como será o efeito desse padrão. A inteligência artificial se tornou vastamente mais sofisticada em um breve período, com as máquinas agora capazes de aprender, não apenas a seguir instruções programadas, mas a responder a linguagem e movimento humanos.
Ao mesmo tempo, a força de trabalho americana aprimorou sua capacitação num ritmo mais lento do que no passado e a ritmo mais lento comparado ao dos trabalhadores de muitos países. Os americanos com idades entre 55 e 64 estão entre os mais qualificados do mundo, segundo relatório recente da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Os americanos mais jovens estão mais perto da média entre os residentes dos países ricos e abaixo da média em algumas medidas.
Receio
Pesquisa revela temor da tecnologia entre desempregados
Muitos trabalhadores americanos se sentem ameaçados pela tecnologia. Em uma pesquisa realizada pelo jornal The New York Times com a rede CBS News e a Kaiser Family Foundation com americanos entre 25 e 54 anos que estão sem trabalho, 37% deles que disseram procurar emprego afirmaram que a tecnologia era a razão por não terem encontrado uma vaga. Outros 46% apontaram a "falta de formação ou capacitação necessárias para as vagas disponíveis", um dado de desemprego estrutural.
Veículos automatizados são um exemplo. Eles podem deixar sem trabalho caminhoneiros e taxistas ou podem permitir que motoristas sejam mais produtivos durante o período que gastariam dirigindo, o que poderia lhes render mais dinheiro. Mas para que o efeito positivo dessa equação ocorra, os motoristas precisariam estar habilitados para novos tipos de serviços.
Ofícios a perigo
O desafio também se estende ao setor executivo. Agentes de vendas de anúncios e pilotos são dois ofícios que, segundo projeções do Escritório de Estatísticas do Trabalho, vão declinar em número na próxima década. Os voos de avião já são amplamente automatizados hoje em dia e se tornarão ainda mais. E, no Google, o maior vendedor de anúncios on-line, são softwares que fazem boa parte do trabalho de vender e posicionar os anúncios de busca.