O custo do transporte por caminhões de Cascavel, no Oeste do estado, a Paranaguá representa 16% do preço da tonelada da soja, de US$ 350, vendida pela Coopavel, uma da principais cooperativas do estado. Em países como Estados Unidos e Argentina o custo médio do transporte é de 10%. "Hoje não usamos ferrovia porque ela é lenta e tem problemas. Se funcionasse de maneira adequada e tivesse velocidade, esse custo poderia cair a 10%", diz Dilvo Grolli, presidente da cooperativa. Mas esses não são os únicos problemas dos produtores da região. Também faltam armazéns para estocar a produção recorde. A Coopavel deve receber dos cooperados esse ano 800 mil toneladas de grãos entre milho, soja e trigo. Somente a soja terá um aumento da produção de 40%. "Já tínhamos um déficit de armazenagem de 20%. Em 2010, esse déficit vai para 40%", afirma. Além da falta de armazéns, a logística de exportação é outra preocupação do agronegócio, com a falta de investimentos em ampliação de capacidade no porto de Paranaguá. A ausência de uma estrutura que permita dar maior velocidade às exportações fez com que o terminal perdesse cargas, nos últimos dois anos anos, para o porto de Santos (SP). Em 2009, a movimentação de soja e farelo por Paranaguá ficou em 8,2 milhões de toneladas, contra 9,8 milhões do porto paulista, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). "Paranaguá padece de baixa produtividade. O terminal de Porto Velho (RO), por exemplo, já escoa o equivalente a um terço da carga de soja de Paranaguá", diz o consultor da área de logística da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Luiz Antonio Fayet.
Em um cenário de longo prazo, as limitações na logística de escoamento podem inclusive induzir a redução dos investimentos no campo. O potencial para o setor crescer ainda é grande, mesmo com a falta de áreas cultiváveis no estado. "Estima-se que a produção poderá crescer 80% em 40 anos graças apenas aos ganhos de tecnologia e produtividade", diz Grolli, da Coopavel.