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Americanas
Auditores dizem que fraude, se comprovada, era de “difícil detecção” e envolveria sete diretores e dezenas de pessoas.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo / arquivo

Um dos sócios da auditoria PwC, Fábio Cajazeira Mendes, disse à CPI das Americanas nesta terça (1º) que sete diretores da Americanas estariam envolvidos no esquema de fraude nos exercícios contábeis da empresa que gerou um rombo de mais de R$ 40 bilhões na gigante varejista.

Mendes disse aos deputados que trabalhou na auditoria das contas da empresa entre os anos de 2019 e 2022, e que apurou que a fraude cometida pelos diretores era de “difícil detecção”.

“Em se confirmando a falsificação de documentos, a omissão deliberada no registro de operações, a prestação intencional de falsas representações aos auditores e o conluio de pessoas de diversas áreas da companhia, estará caracterizada uma fraude de gestão de difícil detecção, baseada em má conduta flagrante e intencional por parte da administração, incluindo [as áreas] comercial, financeira, tesouraria e contábil, com participação de, pelo menos, sete diretores executivos e dezenas de pessoas”, explicou segundo reporta a Agência Câmara.

Sócia de auditoria da KPMG, Carla Bellangero lembrou que, entre 2017 e 2018, foram apontadas “deficiências e necessidade de melhoria nos controles internos” de VPC, a Verba de Propaganda Cooperada, um dos focos do rombo atualmente detectado. Porém, ela garante que, na época, nada indicava fraude nem atos intencionais por parte da direção da Americanas.

Carla Bellangero lembra que a KPMG chegou a emitir cartas extraordinárias de controle externo em 2019, mas o contrato com a Americanas foi encerrado meses depois. “Os riscos estavam divulgados e eram de conhecimento da diretoria, do Conselho Fiscal, do Comitê de Auditoria e da maioria do Conselho de Administração. As auditorias nada têm a ganhar com as fraudes, ao contrário, são vítimas dessa situação”, declarou.

Por outro lado, o ex-diretor financeiro da Americanas, Fábio Abrate, amparado por habeas corpus, se negou a responder perguntas da CPI. Ele alegou falta de acesso a documentos para se defender adequadamente.

“Essas acusações foram feitas de forma genérica, baseadas em fatos fora de contexto e em documentos aos quais sequer tivemos acesso até este momento, o que me impede de saber do que estou sendo exatamente acusado e de me defender de maneira adequada”, disse.

O ex-diretor executivo, Miguel Gutierrez, também deveria depor, mas alegou problemas de saúde e solicitou novo agendamento à CPI.

Deputados como Mendonça Filho (União-PE) e Tarcísio Motta (Psol-RJ) discordaram das explicações das auditorias e alegaram que a atuação delas afetou a saúde financeira da Americanas e ampliou a fraude, prejudicando acionistas e trabalhadores. O rombo apontado inicialmente era de R$ 20 bilhões.

O deputado federal Orlando Silva (PC do B/SP) defendeu a criação de um tipo penal para punir gestão fraudulenta em empresas de capital aberto. Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), presidente da CPI, concordou com a necessidade de aperfeiçoamento da legislação e planeja aumentar o número de reuniões para debater o tema.

“O que nós temos aqui é uma confissão de incompetência para não incorrer em, no mínimo, quatro tipos penais ou conluio. Estamos falando de um roubo de uma década e de um modus operandi que funcionou de maneira criminosa dentro da empresa”, completou a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS).

Foram aprovados 21 requerimentos, incluindo convocações de ex-CEO da Americanas Digital, Mário Cruz; presidente do Conselho Fiscal, Carlos Alberto de Souza, e outros envolvidos. Também foram convidados representantes de órgãos investigativos e entidades relacionadas ao caso. Outros requerimentos visam compartilhamento de informações com diversos órgãos.

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