Mercados
Bovespa cai 0,62%, banco sobe 4,6%
No dia seguinte ao "tombo" de quase 30%, as ações preferenciais do banco PanAmericano subiram 4,6%, movimentando R$ 63 milhões em negócios na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). O valor está bem acima da média de operações com o papel, mas foi inferior aos R$ 160 milhões contabilizados anteontem.
O Ibovespa, que reflete as ações mais negociadas, caiu 0,62%, aos 71.195 pontos. O dólar comercial fechou em R$ 1,719, com alta de 0,46%. Hoje investidores monitoram a reunião do G20, que pode causar alguma volatilidade nos negócios, conforme o clima político do encontro a controversa "guerra cambial" deve pautar as discussões.
Página virada
Concorrentes do PanAmericano, os demais bancos pequenos que também sofreram perdas na Bovespa com a repercussão da fraude tentam virar a página ao dizer que o rombo foi um caso isolado, comandado por criminosos especializados em "contornar os controles. "O mercado tende a se acalmar e sai mais sólido. Se tinha uma banco com problemas e práticas inconsistentes, agora não tem mais, disse Renato Oliva, presidente da ABBC, associação dos bancos pequenos.
Folhapress
O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, revelou ontem que o rombo do Banco PanAmericano não envolve apenas as operações de crédito. Em audiência pública no Congresso Nacional, Meirelles afirmou que, além de problemas em carteiras de crédito (R$ 2,1 bilhões), também foram detectadas operações irregulares em cartões de crédito (R$ 400 milhões). O PanAmericano recebeu um aporte de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) para cobrir o rombo.
Meirelles fez questão de ressaltar que BC agiu rapidamente, antes da entrada dos conselheiros e executivos da Caixa Econômica Federal na instituição. Caso contrário, a Caixa que em dezembro de 2009 comprou 36,56% do total das ações do banco também teria responsabilidade no rombo de R$ 2,5 bilhões. O presidente do BC reiterou que, no socorro ao PanAmericano, não foi usado "um centavo público" e não houve prejuízo para os depositantes.
Caso isolado
Ao ser questionado se a inconsistência vista na subsidiária de cartões do banco também envolveria outras instituições financeiras, Meirelles afirmou que "não há indícios disso". Segundo o diretor de fiscalização do BC, Alvir Hoffmann, não há detalhes sobre essas operações inconsistentes nos cartões, porque o problema de R$ 400 milhões foi declarado pela diretoria do PanAmericano, sem que o BC tenha detectado isso previamente. Mas, segundo fontes, o banco não teria repassado às bandeiras o pagamento das faturas feitas pelos portadores dos cartões.
Em entrevista após o fim da audiência, Meirelles disse que a investigação do BC não encontrou qualquer sinal de problemas semelhantes ao do PanAmericano em outras instituições do mesmo segmento de pequeno e médio porte mas fazendo a ressalva de que "nenhum BC do mundo pode garantir responsabilidades futuras".
Apesar de o BC só ter descoberto recentemente um problema que pode ter começado há quatro anos, Meirelles disse que a instituição agiu a tempo. "É muito raro uma situação na qual o Banco Central determina um problema a tempo, de maneira que possa ser resolvido dentro dos parâmetros fixados pela lei e das possibilidades do FGC."
O BC já comunicou ao Ministério Público Federal que encontrou indícios de fraude nas operações do PanAmericano o que abre caminho para que os responsáveis possam eventualmente ser punidos criminalmente.
Silvio Santos
Para Meirelles, o grupo de Sílvio Santos deve vender o PanAmericano para honrar suas dívidas com o FGC. Nos bastidores, no entanto, é esperado que o empresário terá de se desfazer não só do banco, mas de boa parte de seu patrimônio empresarial, menos o canal de tevê SBT.
O contrato fechado com o FGC teria uma cláusula obrigando a venda dos ativos, uma vez que não se espera que as empresas do grupo gerem caixa suficiente para honrar a dívida ainda que esta tenha de ser paga em dez anos, com carência de três.
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