As exportações brasileiras crescerão abaixo da média mundial pelos próximos dois anos, e o rombo na balança comercial deve aumentar. As estimativas obtidas pelo jornal o Estado de S. Paulo foram preparadas pela Comissão Europeia e servem de base para suas projeções sobre a situação econômica mundial para 2014 e 2015.
Valores acumulados das primeiras seis semanas desde o início de 2014 apontam que o déficit comercial brasileiro já superou a marca de US$ 6 bilhões. Em 2013, o Brasil registrou seu primeiro rombo em 13 anos, com um resultado negativo de US$ 2,56 bilhões.
A conta só não foi pior por causa de uma manipulação dos números. O governo incluiu nas exportações sete plataformas vendidas a empresas estrangeiras que, em seguida, foram alugadas para a Petrobras sem jamais deixar o País.
Segundo os europeus, a taxa de crescimento das exportações brasileiras em 2014 será a mais baixa entre os países dos Brics - grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do Sul. No ano, o Brasil terá uma expansão de suas vendas de apenas 3,9%. A média mundial será de 5,1% e, entre os emergentes, o crescimento será de 5,7%.
Bem inferior
A União Europeia aponta que, de fato, os números para 2014 são superiores ao que o Brasil obteve no ano passado, quando as vendas externas aumentaram apenas 2,5%. Mas, mesmo assim, o desempenho é bem inferior aos demais mercados.
Na China, as exportações aumentarão 6%, ante uma expansão de 4 4% na Índia e 4,2% na Rússia. Até mesmo a Europa, que está ainda tentando sair de sua pior crise em muitos anos, terá um aumento de exportações superior ao do Brasil, com 4,1% para 2014.
Para 2015, o cenário brasileiro continua abaixo da média mundial. As vendas serão aceleradas para uma taxa de 5,2%. Mas ficarão abaixo dos 5,8% para o restante das economias. Um dos pontos fracos das exportações nacionais é o fato de que estão dependentes dos preços de commodities.
Segundo as projeções da União Europeia, a previsão é de que, depois de um ano fraco, os valores de metais possam sofrer algum tipo de recuperação em 2014 e 2015. Mas a UE deixa claro que a retomada será "modesta".
No setor agrícola, a União Europeia deixa claro que a previsão é de uma queda nos preços de alimentos em 2014. "Diante de uma perspectiva de melhor fornecimento, os preços de alimentos devem cair em 2014", indicou o bloco.
Importações
Já as importações para o mercado brasileiro vivem uma situação diferente. Em 2013, o aumento foi de 5,7%. Mas a alta em 2014 deve ser de 6,9% e, em 2015, a taxa chegaria a 7,4%. Com uma taxa de exportação que cresce menos que a média mundial e o fluxo de importação que bate recordes, a estimativa é de que o resultado aponte para um déficit cada vez maior nas contas.
A taxa de importação será em 2014 a segunda maior entre as maiores economias do mundo e supera até mesmo o desempenho da China. Apenas Hong Kong terá alta mais intensa que a do Brasil neste ano e no próximo.
O aumento das importações no Brasil supera o que a UE prevê para o restante do mundo. Em 2014, a alta geral seria de 4,9%. Em 2015, a expansão da importação no mundo seria de 6%, sempre abaixo da média brasileira. O desempenho do Brasil nas importações seria também superior à média de todos os países emergentes. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.