Roubini, o “Dr. Apocalipse”| Foto: Kjetil Ree/Creative Commons

O economista Nouriel Roubini, que ganhou projeção mundial ao prever o colapso financeiro de 2008, afirmou ontem que vê sinais de superaquecimento da economia brasileira, cujo ritmo de expansão está muito acima do PIB potencial do país. Essa situação, segundo ele, vai exigir um aperto da política monetária "nos próximos três trimestres", para conter as expectativas de aumento da inflação. Roubini também pediu maior atenção para o crescimento do déficit em conta corrente, que tem entre seus componentes a forte valorização do real frente ao dólar. Para o economista, deixar a moeda se valorizar "sozinha pode ser perigoso", por roubar competitividade das exportações brasileiras.

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"As perspectivas para o Brasil são bastante positivas. As coisas estão boas, mas poderiam ir melhores", discursou ele, durante seminário promovido em São Paulo pela revista Exame.

Roubini elogiou o esforço feito nos últimos anos para alcançar a estabilidade monetária e disse que o país está preparado para enfrentar as ondas que vêm da crise na Europa. Apesar disso, ressaltou que o peso dos impostos continua excessivo e que é baixa a eficiência do setor público. Para ele, o maior "desafio para o próximo presidente" será implantar reformas estruturais para aumentar o PIB potencial do país, deixando de ficar muito dependente da exportações de "commodities". "Se isso acontecer, o Brasil pode crescer tranquilamente entre 6% e 7% ao ano."O alerta de superaquecimento não se resume ao Brasil. Para o economista — cujas previsões pessimistas valeram o apelido de "Dr. Apocalipse" —, Índia e China também apresentam um quadro de "bolha de ativos", com riscos para o controle inflacionário.

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