Brasília O Ministério da Agricultura informou ter sido surpreendido pela notícia de que a Rússia ameaça interromper a importação de carnes brasileiras por causa de preocupações relacionadas à área veterinária e da saúde. A informação sobre a ameaça foi dada pela agência de notícias Interfax, citando o Serviço Federal de Controle Veterinário e Fitossanitário da Rússia. A agência de notícias acrescentou que o serviço russo acredita que o Brasil está "deliberadamente escondendo" informação sobre doenças animais.
O governo federal explicou que não foi informado oficialmente pelo governo russo de qualquer decisão sobre o assunto. A Rússia é a maior cliente das carnes brasileiras compra cerca de US$ 1,5 bilhão ao ano.
Em 2006 as exportações de suínos para aquele mercado movimentaram 267 mil toneladas e US$ 622,25 milhões, ou 50% do volume e 60% do faturamento de todo o setor. Foram exportadas ainda 330,27 mil toneladas de carne bovina brasileira para a Rússia, o que gerou US$ 765 milhões no ano passado, ou 20% de toda a exportação. Os russos são responsáveis também por cerca de 30% da carne de frango exportada pelo Brasil.
Segundo o Ministério da Agricultura, a última informação recebida da Rússia sobre o assunto foi a concordância de se criar, entre os dois países, um grupo de trabalho técnico para desenvolver um certificado digital de exportação de carnes, o que evitaria a falsificação do documento.
O governo brasileiro admite que cerca de 300 a 400 documentos deste tipo são falsificados por ano e, por isso, passou a enviar, desde o ano passado, quinzenalmente, a relação dos documentos para a Rússia, o que não era feito anteriormente. A falsificação dessas guias seria uma das causas da ameaça da Rússia de suspender as importações de carnes, além das questões sanitárias no campo.
De acordo com Ari Crespim dos Anjos, do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Ministério da Agricultura, o maior problema de se criar um certificado eletrônico de exportação é a barreira do idioma entre os dois países. "Como os sistemas de informática são diferentes, seria preciso estudar uma convergência, o que será feito por esse grupo de trabalho", disse o técnico. Crespim explicou ainda ser muito difícil para o governo federal identificar a falsificação, pois não se sabe em que ponto da cadeia ela ocorre.