A Sadia anunciou que demitirá 350 funcionários de sua área administrativa, em unidades localizadas em diversos estados brasileiros. A medida, segundo a empresa, resultará em uma economia de pelo menos R$ 44 milhões ao ano. De acordo com a companhia, do total de demissões, aproximadamente 20 acontecerão no centro de serviços que a empresa mantém em Curitiba. No Paraná, além da filial curitibana, a Sadia possui unidades industriais nas cidades de Ponta Grossa, Dois Vizinhos, Paranaguá, Toledo e Francisco Beltrão.
A companhia alimentícia afirma que as dispensas servirão para readequar custos e conferir agilidade aos processos da empresa, e que não devem gerar impacto na produção, uma vez que os cortes não atingirão trabalhadores das fábricas. Em setembro do ano passado, a companhia admitiu perdas de R$ 760 milhões devido a operações com derivativos no mercado de câmbio.
Dia ruim
Ontem, além da Sadia, uma série de empresas anunciaram redução nos seus quadros. Depois de demitir 300 funcionários em dezembro, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) iniciou uma nova leva de demissões, que já chega a 200 pessoas, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Renato Soares Ramos. Com isso, a CSN chega a 500 dispensas nos últimos dois meses.
Duas empresas do setor metalúrgico de São Paulo, a Delga e a Engemet, afastaram 200 trabalhadores, o que gerou protestos durante a manhã na porta das companhias. A Delga, que fabrica cockpits de ônibus e emprega 700 pessoas, já concedeu licença remunerada, férias coletivas e alega não ter mais como manter o quadro de funcionários. Na Engemet, produtora de barras e rolos de aço, o corte atinge 45% da folha de pagamento.
A Vale, por sua vez, vai dar, a partir de fevereiro, férias coletivas a 450 funcionários em Minas Gerais. Em dezembro, a Vale já havia dado férias a 5,5 mil empregados. A empresa fabricante de ônibus Marcopolo também vai dar férias coletivas a cerca de 1,8 mil empregados das fábricas em Caxias do Sul (RS), que devem ficar parados até o dia 9.
GM
Na mesma linha, a General Motors concedeu licença remunerada com prazo indeterminado para 1.633 dos cerca de 6 mil trabalhadores da linha de montagem da unidade paulista de São Caetano do Sul. A montadora admitiu em comunicado, que vai revisar as previsões de vendas de veículos de porte médio no mercado interno para o primeiro trimestre deste ano, em função nda crise internacional. No comunicado, a empresa não faz qualquer referência às dificuldades financeiras enfrentadas pela matriz, nos Estados Unidos, e diz que a decisão de rever as expectativas e afastar os funcionários baseia-se na "diminuição da atividade industrial em geral e, particularmente, no setor automobilístico".
"Lista vermelha"
Frente a esse cenário sombrio, o governo voltou a ameaçar empresas que estão demitindo. O Ministério da Fazenda avalia a possibilidade de definir a real situação financeira de uma empresa como critério a ser observado para garantir o acesso ao crédito público. Os técnicos estão envolvidos na tarefa de fazer uma radiografia detalhada das grandes empresas que estão cortando pessoal para checar se elas apresentam ou não um problema financeiro.
A ideia é que esse "pente-fino" sirva de subsídio para a análise das propostas de medidas anticrise apresentadas por diversos setores à equipe econômica e dos pedidos de crédito aos bancos oficiais. A premissa é: não terá acesso ao crédito a empresa que, mesmo não tendo problemas financeiros, alega dificuldades para justificar demissões.
Segundo fontes, será uma espécie de "lista vermelha", uma forma de pressão, uma vez que o governo não tem como impedir diretamente a onda de demissões que se iniciou. A avaliação é que algumas empresas estão aproveitando a crise financeira para tirar proveito da situação e conseguir mais vantagens do governo. E ainda assim estão demitindo. É a posição do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que, semana passada disse que algumas empresas estavam sendo precipitadas em demitir e, sem citar nomes, comentou que "empresários espertos estão demitindo para aumentar a margem de lucro".
STF inicia julgamento que pode ser golpe final contra liberdade de expressão nas redes
O Marco Civil da Internet e o ativismo judicial do STF contra a liberdade de expressão
Plano pós-golpe previa Bolsonaro, Heleno e Braga Netto no comando, aponta PF
Putin repete estratégia de Stalin para enviar tropas norte-coreanas para a guerra da Ucrânia
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast