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Agroindústria

Sadia demite 900 funcionários em Toledo

Unidade da Sadia em Toledo, Oeste do Paraná: sindicato local está fazendo 40 rescisões por dia | Márcio Pimentel
Unidade da Sadia em Toledo, Oeste do Paraná: sindicato local está fazendo 40 rescisões por dia (Foto: Márcio Pimentel)

Toledo - Com a crise mundial e a consequente redução das exportações, a Sadia decidiu encerrar o terceiro turno de abate de aves na unidade de Toledo, inaugurada há pouco mais de dois anos. Cerca de 900 empregados foram demitidos desde dezembro, segundo o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação de Toledo.

A empresa informou, em nota, que houve a necessidade de adequar o nível de produção ao cenário econômico mundial, desativando o terceiro turno "de modo a otimizar a produtividade dos outros dois turnos existentes". A empresa explica que procurou transferir os colaboradores do turno encerrado para os demais turnos em operação.

O Sindicato dos Trabalhadores diz que houve um aumento nos desligamentos desde abril. "Tivemos que fazer um esquema diferente de atendimento nesta semana para atender ao pessoal demitido da Sadia", diz o vice-presidente da entidade, Paulo Antônio Reis. Segundo ele, nesta semana estão sendo homologadas uma média de 40 rescisões por dia.

O sindicato lembra ainda que as demissões da Sadia terão impacto regional, uma vez que muitos trabalhadores demitidos moram nas cidades vizinhas. Entre os demitidos, por exemplo, estão Eudes Faria de Oliveira e a esposa Jaqueline Aparecida Caruso, que são de Luz Marina, um distrito rural de São Pedro do Iguaçu, na região de Toledo. "A situação está difícil. Lá onde moramos não tem emprego e mesmo para trabalhar em Toledo a gente ainda depende de ônibus. Se o horário das linhas não bater com os horários de trabalho não adianta nada", diz Eudes.

Para a Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo de Toledo, ainda que o fechamento de postos de trabalho na Sadia seja lamentável, não há motivo para alardes. "Não é o caos", diz o secretário, Narciso Muller, argumentando que vários trabalhadores estão sendo transferidos para outros turnos.

Prejuízos

Enquanto advogados, acionistas e executivos da Sadia e da Perdigão se reuniam durante todo o dia para redigir os documentos finais da fusão, as duas empresas divulgaram ontem resultados operacionais fracos, referentes ao primeiro trimestre deste ano. Ambas tiveram prejuízo no período. Os executivos das companhias preferiram não comentar o desempenho do trimestre, cancelando a teleconferência agendada com jornalistas e aumentando ainda mais os rumores de uma união.

Puxada pela queda nas vendas no exterior, a Sadia foi a que mais sofreu: teve prejuízo de R$ 239,2 milhões em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo informou em comunicado ao mercado, as despesas com pagamento de juros de financiamento da dívida e a variação cambial foram responsáveis pelo resultado. Diferente da Perdigão, porém, a empresa teve vendas menores no mercado externo, o que colaborou no desempenho negativo.

A Perdigão conseguiu driblar a retração do mercado internacional e teve aumento de 4% nas vendas externas, que somaram R$ 1,1 bilhão. As vendas internas, por sua vez, cresceram 8,3%. Ainda assim, a Perdigão registrou prejuízo de R$ 226 milhões. Segundo a companhia, isso ocorreu por causa da absorção do prejuízo fiscal da incorporação da subsidiária Agroindustrial.

Os analistas de mercado já previam que os balanços do trimestre viriam fracos. Segundo Denise Messer, analista da Brascan Corretora, a redução das exportações brasileiras, especialmente de frango, com a crise mundial, são as grandes responsáveis pelos números.

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