São Paulo - Redução nos gastos com logística e distribuição, retração no nível de despesas administrativas e queda nos custos das mercadorias vendidas. Esses são os efeitos positivos, do ponto de vista operacional, que a criação da Brasil Foods (BRF) proporcionará aos seus acionistas. Os cálculos de analistas sobre sinergias geradas a partir da união entre Perdigão e Sadia variam bastante, de R$ 1,6 bilhão a R$ 4 bilhões. As contas não batem até entre as próprias companhias envolvidas na operação, o que evidencia a dificuldade nos cálculos de sinergias.
As despesas em logística e distribuição, por exemplo, devem cair de maneira significativa. A Sadia opera, hoje, 17 unidades fabris em oito estados brasileiros. Somente para a produção de processados e abate de aves e suínos, a Perdigão mantém 25, também distribuídas em oito estados. A maior concentração de fábricas está em Santa Catarina, onde a Perdigão possui sete unidades e a Sadia, quatro. Nesse caso, por exemplo, a BRF não precisará manter duas estruturas de distribuição e terá a possibilidade de otimizar gastos com apenas uma.
Ao mesmo tempo, a ocorrência de unidades produtivas de Sadia e Perdigão nas mesmas localidades não deve significar o fechamento de fábricas. Essa foi a sinalização dos executivos das empresas e é a percepção dos especialistas.
Na avaliação do analista Rafael Cintra, da Link Investimentos, deverá haver um enxugamento da estrutura administrativa existente hoje nas duas empresas, o que possibilitará cortes de gastos. Ao final de 2008, as duas empresas mantinham, juntas, cerca de 120 mil funcionários. "Poderá haver também alguma economia nas despesas com marketing", disse. Hoje, a Perdigão trabalha com três agências de publicidade e a Sadia, com cinco.
Já o presidente da Associação Paulista de Avicultura (APA), Erico Pozzer, observa que o poder de barganha aumentará não só na compra de insumos, mas também na hora de vender para o varejo. "A situação tende a ficar preocupante para empresas grandes que atuam no mercado de aves e suínos", disse. Por essa razão, Pozzer acredita que o surgimento da Brasil Foods pode incentivar uma nova onda de consolidação no setor.