A Sadia inaugurou ontem, no Porto de Paranaguá, um novo armazém frigorificado com capacidade para estocar 8,5 mil toneladas, quase três vezes mais do que o antigo. O investimento de R$ 19 milhões dará maior produtividade às exportações da companhia, que poderão ser feitas por contêineres. Apesar da desvalorização do dólar, a empresa aposta no aumento de produção e vendas. De acordo com o diretor de Relações Institucionais da Sadia, Felipe Luz, o momento também é ótimo para aquisição de bens de capital importados.
A fábrica de Toledo, destruída em novembro do ano passado por um incêndio, irá receber novas máquinas e equipamentos importados. A Sadia vai destinar cerca de R$ 180 milhões para a reconstrução da fábrica, que deve ficar pronta até o final do ano. Em todo o Paraná, a companhia vai aplicar R$ 200 milhões nos próximos dois anos. Os planos nacionais prevêem investimentos de R$ 1,3 bilhão.
"A Sadia vem exportando há mais de 40 anos. Se ela deixasse se envolver pela oscilação do câmbio, não estaria onde está", afirmou o diretor comercial internacional da empresa, Gilbero Xandó. Ele confirma o impacto negativo no curto prazo, mas diz que a desvalorização do dólar está sendo minimizado pela alta dos preços internacionais. Ele diz que essa tendência deve se manter, por causa da febre do etanol à base de milho nos Estados Unidos. "Nenhum movimento de curto prazo vai inibir nossa vontade de crescer", declarou.
Embarque prioritário
Pelo Porto de Paranaguá passam cerca de 80% das vendas externas da Sadia, direcionadas a cerca de 60 países. Com a ampliação do armazém, o terminal vai passar a receber 700 mil toneladas por ano de congelados, contra 600 mil atuais. Cerca de 100 pessoas trabalham no local. A companhia tem um acordo com a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) para ter prioridade de embarque nos cais quatro e cinco, que ficam em frente ao armazém.
De acordo com Felipe Luz, Paranaguá tem a melhor e mais importante estrutura portuária da Sadia. O Paraná abriga 5 das 13 fábricas da companhia catarinense, localizadas em Ponta Grossa, Dois Vizinhos, Paranaguá, Toledo e Francisco Beltrão.
Sanidade
Durante a inauguração, Felipe Luz cobrou do vice-governador Orlando Pessuti (PMDB), presente ao evento, a adesão ao Programa Nacional de Sanidade Agrícola. O programa permite a regionalização das ações de sanidade e a possibilidade de fechar as fronteiras com outros estados, impedindo que problemas sanitários de uma região prejudiquem outra. De acordo com Pessuti, o Paraná já pleiteia a regionalização. Além de criar novas barreiras, o estado deve realizar exames sorológicos constantemente e fazer o georreferenciamento de todas as granjas.
Santa Catarina já aderiu ao programa, justamente quando Luz ocupou o cargo de secretário estadual da Agricultura. No final do mês, a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) concede o certificado de área livre de aftosa sem vacinação para o estado vizinho. Isso deve abrir mercados para a exportação de todo tipo de carne. Segundo Luz, quando isso se concretizar, a Sadia vai investir em um frigorífico de ponta para a produção e exportação de suínos.