Escolher a lâmpada certa é essencial para evitar desperdício| Foto: Jonathan Campos / Gazeta do Povo

Conscientização

Iniciativas para estimular consumo eficiente são dispersas

O cenário de reajuste das tarifas por índices altos trouxe à tona a discussão sobre quanto os governos investem em políticas de consumo consciente de energia. No caso do Procel, da Eletrobras, o orçamento caiu 70% de 2012 a 2014, quando estão previstos R$ 21 milhões. O tombo ocorreu em 2013: a Reserva Global de Reversão (RGR), cobrada nas faturas, passou a ser usada apenas para cobrir indenizações a concessionárias que tiveram contratos renovados. A Eletrobras espera que a pesquisa de 2017 aponte a necessidade ou não de mais campanhas de conscientização.

Segundo Dalberto Adulis, consultor do instituto ambiental Akatu, interesses divergentes entre as pastas fazem com que os governos atuem às vezes de forma incoerente quando o assunto é melhorar o consumo. "Falta um plano consistente", resume. Ele cita que os subsídios para trocas de eletrodomésticos mais eficientes e as linhas de financiamento para reformas inteligentes nas casas são raros, apesar de iniciativas governamentais mais restritas como o aquecimento solar em casas populares do Minha Casa Minha Vida.

Por lei, as distribuidoras precisam reservar parte do arrecadado com as faturas para projetos de pesquisa e de eficiência energética. Os projetos são aprovados pela Aneel, responsável também por cobrar se as reservas ficam muito tempo sem serem investidas. Neste ano, a Copel, por exemplo, começou um programa de R$ 24 milhões para subsidiar a troca de chuveiros, geladeiras e lâmpadas de moradores carentes.

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Vai sobrar mesmo para o consumidor a tarefa de adaptar a rotina para não sentir tanto o impacto dos reajustes de tarifas concedidos a concessionárias pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). De abril a julho, a reguladora autorizou que distribuidoras aumentassem tarifas residenciais em porcentuais que vão de 9,4% a 24,86%. O aperto no consumo acaba sendo o único caminho, uma vez que é difícil discordar das decisões de um mercado que prevê em lei reajustes e revisões de tarifas para cobrir perdas das concessionárias.

INFOGRÁFICO: Veja dicas para economizar energia

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Nesse cenário, mapear e restringir situações de desperdício de energia é a forma de as famílias controlarem o prejuízo e, quem sabe, até poupar dinheiro. As ferramentas para isso hoje incluem softwares e aplicativos para celular, além de produtos como as lâmpadas de LED, consideradas as substitutas das fluorescentes (veja quadro). Responsável por um programa de consumo consciente de energia que já dura 30 anos, o Procel, a Eletrobras acredita que essas lâmpadas devem aparecer na pesquisa que será encomendada em 2017 para avaliar os hábitos do brasileiro.

"Elas são importadas e caras, mas a tendência é de que se popularizem como as fluorescentes. Com volume de compras, o preço cai", diz Emerson Salvador, gerente de planejamento e fomento da empresa. Feito a cada dez anos, o estudo mostrou em 2007 como o freezer deixou de ser essencial para as famílias após o racionamento de energia em 2001 e da estabilidade econômica (sem inflação, não há necessidade de estocar comida).

Ônus

Vale lembrar que as medidas protegem o consumidor de um ônus que chega a ele ainda que não seja da sua responsabilidade – o atual modelo energético leva concessionárias a comprar energia mais cara, no mercado livre, para honrar contratos do mercado regulado. "O modelo transfere para o consumidor residencial a volatilidade de um mercado que nem é o dele, o que é uma aberração", avalia Daniel Passos, técnico da subseção do Dieese em Santa Catarina. "Não existem garantias de que a tarifa ficará baixa se não houver desperdício, mas o consumidor nunca perde quando economiza".

Selo para edifícios

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O Procel deve lançar em breve uma versão de sua iniciativa mais conhecida, o selo de eficiência energética, voltada a edificações. A iniciativa segue a linha do selo concedido a eletrodomésticos em parceria com o Inmetro. A ideia é que o Edifica certifique edificações privadas e públicas, em especial as que se enquadram na norma que o Ministério do Planejamento estabeleceu neste ano para prédios federais. Segundo Estefania Mello, da Eletrobras, os testes avaliarão se a edificação estimula o uso consciente de energia, de acordo com clima, tecnologia e estruturas.