A cada novo lançamento, funções diferentes deixam os smartphones mais inteligentes. O que se carrega no bolso não é mais um celular – é um pequeno computador que abriga informações pessoais, permite acesso à conta bancária e a e-mails e guarda as fotos da família. Mas, além do proprietário, quem vê valor em todos esses dados são os crackers – usuários que quebram um sistema de segurança de forma ilegal ou sem ética –, que acessam todas essas informações por meio de softwares de espionagem. O ataque começa no clique de um link contaminado, no download de um aplicativo pirata ou na conexão a uma rede de internet sem fio.
Em 2015, o número de smartphones ultrapassou o de computadores em uso no Brasil, de acordo com pesquisa da universidade Fundação Getulio Vargas (FGV) divulgada em abril deste ano. Já são 152 milhões de computadores e 154 milhões de smartphones com conexão à internet. Do total de transações bancárias feitas em 2014, 24% foram realizadas em dispositivos móveis, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
“O Brasil, pela sua importância, é um alvo enorme. Certamente os ataques crescem, pelo menos, na mesma proporção em que essa tecnologia se torna mais acessível”, afirma Leonardo Lemes Fagundes, coordenador do curso em Segurança da Informação da Unisinos.
Na última pesquisa conduzida pela Kaspersky Lab no ano passado, multinacional de soluções em segurança digital, com mais de 11 mil pessoas, incluindo brasileiros, 92% dos usuários de Windows afirmaram ter um software de proteção instalado no computador. Dos entrevistados que utilizam Android, o sistema operacional mais visado pelos crackers, 58% estão protegidos.
Os donos de aparelhos e computadores da Apple têm menos recursos à disposição, já que a empresa norte-americana não permite o desenvolvimento de aplicativos antivírus. Mas isso não quer dizer que o iPhone seja inviolável. Em setembro, a Apple admitiu que aplicativos disponíveis na loja oficial chinesa estavam infectados com softwares maliciosos. Entre eles, estava o aplicativo de mensagens WeChat, similar ao WhatsApp e popular na Ásia.
Mais visados
Com amplo domínio de mercado, o Android acaba sendo o foco principal de golpes. Segundo levantamento feito em agosto deste ano pela consultoria IDC, 82,8% dos smartphones no mundo têm sistema operacional Android,13,9%, iOS, e 2,6%, Windows Phone. “O cibercriminoso vai atacar sempre o mais popular, que tem mais vítimas”, diz Fabio Assolini, analista de segurança da Kaspersky Lab.
De acordo com Assolini, em 2014, 98% dos vírus detectados pelo sistema da empresa eram de Android e 2% de outros dispositivos. Um dos principais motivos que tornam o Android tão almejado é a liberdade para instalar aplicativos fora da loja oficial, a Google Play Store. O sistema, ao contrário da Apple, por exemplo, permite o download de apps não oficiais e piratas, que podem conter vírus e spyware – software que espiona o usuário. Baixando aplicativos infectados, o usuário instala automaticamente um programa que pode furtar dados e, até mesmo, inutilizar o aparelho. Além disso, faltaria ao Google maior rigor para analisar todos os aplicativos disponíveis na loja oficial.
Antivírus
Se houver suspeita, a saída é instalar um antivírus de empresas já consolidadas no mercado. Os aplicativos da Kaspersky, PSafe e Norton, McAfee e AVG são gratuitos. Após instalado, o próprio app irá buscar e remover qualquer tipo de malware.
A indicação , porém, é fazer o download esses programas antes mesmo de qualquer ataque. Para usuários de iOS, navegadores seguros como o Kaspersky Safe Browser, que é gratuito, podem ajudar na proteção ao smartphone.
Dependendo da situação, a solução é resetar todas as informações do gadget (o que pode dar muita dor de cabeça, já que o usuário perderá todos os dados) ou enviar para uma empresa de assistência da sua confiança. É sempre importante lembrar que os técnicos terão acesso a todos os arquivos do celular.