Possuir um carro blindado no Brasil, o que durante muito tempo era um privilégio de milionários, tem se tornado cada vez mais acessível à classe média. O próprio aumento da frota de automóveis à prova de balas forçou a queda de custos e tornou o recurso mais próximo de outros setores da população.
De acordo com a Associação Brasileira de Blindagem (Abrablin), o preço médio do serviço é de R$ 48.750 valor que pode ser bem menor no mercado de usados, já que a desvalorização do produto é maior do que a do próprio carro. Como mais de trinta empresas atuam no segmento no país, especialistas alertam os consumidores sobre quais cuidados tomar antes de adquirir o serviço ou de comprar um carro blindado usado.
O presidente da Abrablin, Christian Conde Antonio, ressalta que a documentação é o primeiro item a ser verificado. Segundo ele, a empresa blindadora deve estar registrada no Exército. Além disso, ela precisa ter o registro e o laudo técnico de cada material balístico utilizado, fornecidos pelas forças armadas. Ao final do serviço, a empresa deve entregar um termo de responsabilidade com o nível balístico do serviço e materiais utilizados -- em outras palavras, que tipo de disparo a blindagem comporta. No caso da compra de usados, é importante exigir tais documentos antes de fechar negócio.
Outro documento necessário é o que autoriza o consumidor a circular com um veículo blindado, emitido pelo Exército. De acordo com o presidente da entidade, a taxa para obter a autorização varia de R$ 250 a R$ 500, dependendo do perfil do consumidor. "Para pessoa jurídica é mais caro", observa. Soma-se a isso, o serviço do despachante e a taxa de retirada de antecedentes criminais.
"Como o Exército não fornece uma lista das empresas autorizadas e nem qual é o procedimento para retirar a permissão, a Abrablin presta este tipo de serviço", diz Antonio. As informações podem ser encontradas no site da entidade, que possui também um canal para dúvidas.
Em relação à blindagem em si, visualmente é difícil identificar a qualidade do serviço prestado. Isso porque apenas os vidros ficam expostos. "Todo tratamento na lataria e nas colunas fica escondido sob o revestimento interno do carro. Por isso é tão importante saber o histórico da empresa", afirma o presidente da Abrablin. Christian Conde Antonio. Ele recomenda que, pelo menos, três empresas sejam pesquisadas antes de contratar o serviço.
O diretor da Concept Blindagens, Rogério Garrubo, explica que é importante verificar se a empresa possui engenheiros especializados no assunto. "Blindagem é um assunto de engenharia automobilística, mas há uma grande resistência das empresas em contratar engenheiros", observa. De acordo com Garrubo, além de materiais de qualidade, as empresas precisam garantir o peso ideal do carro e fazer ajustes na suspensão. "O cliente tem que procurar o engenheiro responsável como se fosse um médico", diz.
O segredo de uma boa blindagem está no peso. Os materiais mais modernos são mais leves, por isso os mais recomendados. O carro ganha peso da faixa da cintura pra cima, porque os vidros são os mais pesados. Isso afeta o centro de gravidade do carro.
De acordo com Garrubo, a empresa precisa determinar qual foi a variação do centro de gravidade, para recuperar a estabilidade original do carro. Sem o trabalho de engenharia, tempo de frenagem, aceleração e estabilidade são comprometidos. Além disso, o desgaste dos pneus é maior. "O blindado deve ter o mesmo comportamento do original", ressalta Garrubo.
O peso não pode ultrapassar a capacidade máxima que o carro suporta, especificado no manual do veículo. Uma blindagem moderna pesa cerca de 180 kg. No caso de utilitários esportivos o peso passa de 200 kg. O valor deve ser descontado do peso máximo, assim como o peso médio dos ocupantes do veículo. Para facilitar o cálculo, Garrubo recomenda que um carro de cinco lugares com blindagem trafegue com três passageiros e bagagem. Ou quatro pessoas, mas sem bagagem. "O resto a engenharia da blindadora resolve", observa o diretor em relação ao sobrepeso.
Mercado de usados
O mercado de usados é o responsável pelo início da "popularização" dos blindados no país. De acordo com dados da Abrablin, 86 mil veículos com proteção à prova de balas trafegam no Brasil. A média anual de blindagens novas é de 10 mil veículos. "O usado é uma boa oportunidade para quem quer segurança e não pode pagar uma blindagem nova", diz o presidente da entidade.
O nível de proteção é dividido em seis categorias, de acordo com a norma brasileira que usa os padrões americanos. A categoria mais procurada é a III-A, a mais elevada para uso comum, que suporta até tiros de armas como Magnum 44 e pistola 9mm. Os carros só podem ser blindados em categorias superiores a esta com uma autorização especial do Exército.
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