A saída da Grécia do bloco dos 17 países que utilizam o euro como moeda comum é considerada pelo mercado um evento de consequências imprevisíveis. Analistas tentam traçar possíveis cenários sobre o que pode acontecer com a Europa e os reflexos que esse rompimento traria para o crescimento mundial.

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Os economistas Guilherme Martins, Felipe Salles, João Pedro Bumachar, do Itaú Unibanco, divulgaram nesta segunda-feira (28) um novo estudo sobre o assunto. Eles dizem que se apenas a Grécia deixar o euro, as consequências não seriam tão dramáticas. Mas no caso de um rompimento maior, que leve à saída de outros países do bloco, colocando em risco a existência da moeda única, as consequências seriam semelhantes às trazidas pela quebra do banco Lehman Brothers, em 2008.

Os economistas preveem que com a saída da Grécia da moeda única, o crescimento econômico da zona do euro será afetado. Isso porque aumenta incerteza em relação à região. As condições financeiras se deterioram, a confiança do consumidor cai e os negócios despencam. Se a Grécia abandonar a moeda única no terceiro trimestre, o PIB do país cairia 2,7% este ano e 2,02% em 2013, segundo os economistas do Itaú Unibanco. Se não sair do bloco, os economistas preveem que o PIB grego caia 0,6% este ano e suba 0,4% no ano que vem. No caso de rompimento completo do euro, o PIB grego cairia 5% em 2012 e 9,1% em 2013.

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Para o Brasil, se apenas a Grécia deixar o euro, haverá stress financeiro e um minicrise de crédito, dizem os economistas. Mas não uma crise bancária. Segundo eles, o crescimento mundial seria reduzido, a aversão ao risco subiria (o que significa queda da Bolsa) e os preços das matérias-primas cairiam. O real perderia força frente ao dólar.

"Mas nenhum desses movimentos seria muito dramático", avaliam os economistas. Já num cenário de rompimento total do euro, com outros países abandonando a moeda única, é muito provável que uma crise como a causada pela quebra do Lehman Brothers assombre a economia mundial. Países da periferia da zona do euro, teriam uma desvalorização forte de suas novas moedas tentando buscar a competitividade.

Segundo os economistas, a incerteza que se espalhou pelo mercados financeiros globalizados em 2008 voltaria, levando a menos financiamento global. Um colapso na atividade - no comércio, em particular - surgiria, dizem os economistas. Como resultado, os preços das matérias-primas cairiam. Maior aversão ao risco provocaria uma fuga de capital das Bolsas para ativos considerados mais seguros, como títulos do Tesouro americano. Como os governos não poderiam promover um aumento dos gastos públicos e a taxa de juro já está próxima de zero, uma crise mais prolongada do que em 2008 atingiria o mundo, avaliam os economistas do Itaú Unibanco.

Para os economistas, as contas fiscais em boa saúde e as reservas internacionais de US $ 350 bilhões do Brasil funcionariam como um escudo. Mas o financiamento externo ficará mais difícil para o país, haverá menor demanda por exportações e maior aversão ao risco, de acordo com previsão dos economistas. Isso causaria um impacto sobre o mercado interno, com queda de investimento. Uma recessão aconteceria em seguida, dizem os especialistas.

Medidas como expansão fiscal e aumento do crédito público poderiam ser tomadas pelo governo para reverter esse quadro, mas não seriam suficientes para reverter os efeitos de uma crise profunda, dizem os economistas. Mesmo com depreciação do real, a inflação cairia, devido ao preço mais baixo das matérias-primas. E a taxa de juro chegaria, provavelmente, a níveis históricos, concluem os economistas.

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