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O fluxo cambial ficou negativo em junho pela primeira vez no ano em meio às incertezas sobre a crise da dívida na Grécia, mostraram dados do Banco Central nesta quarta-feira.

A saída de dólares, porém, não evitou que a taxa de câmbio alcançasse os menores níveis em mais de 12 anos, o que acendeu no mercado a expectativa de novas medidas do governo para frear a valorização do real.

O país registrou déficit de 2,556 bilhões de dólares no mês passado. No ano, o saldo positivo ainda é bastante elevado, 39,029 bilhões de dólares, acima do resultado de 24,354 bilhões de dólares registrado em todo o ano passado.

Às 15h07, o dólar tinha leve alta de 0,13 por cento, a 1,567 real para venda. Na segunda-feira, a moeda fechou a 1,554 real, no menor nível desde janeiro de 1999.

No mês passado, o dólar acumulou perda de 1,14 por cento.

Uma fonte do governo afirmou à Reuters nesta quarta-feira que a presidente Dilma Rousseff estuda medidas para frear a queda do dólar, mas que ainda não foi tomada nenhuma decisão sobre o momento em que isso seria anunciado.

Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou após evento em Londres que o governo pode atuar nos mercados futuros e de derivativos, onde a aposta dos estrangeiros pela valorização do real atingiu níveis recordes no fim de junho, acima de 23 bilhões de dólares.

A principal justificativa da maior parte dos investidores para a tendência de valorização do real é a perspectiva de que os dólares continuem entrando no país, em parte por causa dos juros altos no Brasil, em parte por causa da própria situação de liquidez abundante no exterior.

MAIS IMPOSTOS A CAMINHO?

O governo já lançou mão nos últimos meses de impostos maiores para empréstimos internacionais com prazo de até dois anos, um depósito compulsório sobre as posições dos bancos no mercado à vista de câmbio e de intervenções do Banco Central à vista, a termo e no mercado futuro, entre outras medidas.

"O governo pode elevar a tributação (IOF) para captações de recursos no exterior com prazos inferiores a três anos e até mesmo a cinco anos e impor novas medidas restritivas (por exemplo nas posições vendidas dos bancos)", escreveram analistas do Credit Suisse em relatório onde revisam de 1,60 para 1,50 real a previsão do dólar no final do ano.

O economista de uma das corretoras que mais operam derivativos cambiais na BM&FBovespa ponderou, no entanto, que a ameaça de Mantega de atuar nos derivativos é incoerente com a postura do Banco Central nos últimos meses, quando não fez a rolagem total de contratos de swap cambial reverso no mercado.

"Nos últimos dois leilões deixou de comprar mais de 2 bilhões de dólares (no mercado futuro)", afirmou. "E as compras do BC no 'spot' (à vista) são insuficientes para frear o processo porque esbarram na limitação dos bancos para aumentar a posição vendida --por causa do compulsório criado pela própria autoridade em janeiro."

O swap cambial reverso é um derivativo que atua como uma compra de dólares no mercado futuro pelo BC. Quando os papéis expiram, os investidores vendem contratos futuros na BM&FBovespa para manter inalterada suas posições de câmbio, o que aumenta momentaneamente a oferta de dólares e cria uma pressão pontual pela desvalorização da moeda.

Atualmente há um estoque de pouco mais de 9 bilhões de dólares em contratos de swap reverso no mercado.

DETALHES DO FLUXO CAMBIAL

Houve superávit de 1,378 bilhão de dólares nas operações comerciais e déficit de 3,934 bilhões de dólares nas operações financeiras em junho.

O relatório do BC mostrou ainda saída de 804 milhões de dólares em 1o de julho, único dia informado neste mês.

Com o fluxo negativo, a autoridade monetária reduziu a intensidade das intervenções no mercado, incorporando 2,291 bilhões de dólares às reservas internacionais por meio de compras no mercado à vista. Foi o menor número mensal desde dezembro do ano passado.

As compras do BC e a saída de dólares do país aumentaram a posição vendida dos bancos no mercado à vista a 14,696 bilhões de dólares, ante 9,301 bilhões de dólares em maio.

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