Patrimônio de Eike caiu mais de 90%, diz levantamento
O empresário Eike Batista viu o seu patrimônio cair mais de 90% após a tormenta financeira provocada pela crise de credibilidade de investidores em relação às empresas do seu grupo, o EBX.
Segundo levantamento da Bloomberg, o patrimônio do empresário é estimado agora em US$ 2,9 bilhões. No ano passado, quando ainda figurava entre as maiores fortunas do mundo, Eike tinha um equivalente a US$ 34,5 bilhões.
OSX nega especulações e descarta recuperação judicial
A OSX, empresa de construção de navios e plataformas do grupo EBX, descartou nesta quinta-feira (4) pedir recuperação judicial, conforme vinha sendo especulado no mercado. Após notícias sobre uma possível recuperação judicial, a empresa que foi mais afetada pelos problemas da petroleira OGX negou as especulações em documento pedido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O grupo EBX de Eike Batista, que já foi um conglomerado industrial com grandes ambições, começou a desmoronar na quinta-feira (4), sendo a mais nova vítima do boom de uma década do setor de commodities a sofrer uma parada brusca. Eike, fundador e força vital por trás do grupo de petróleo, energia, portos, navios e mineração, que nomeou todas as suas companhias com um "X" para simbolizar "multiplicação de riqueza", saiu da presidência do Conselho de Administração da MPX, empresa de energia e a mais promissora do grupo.
A companhia de geração de eletricidade também será renomeada até outubro para se posicionar como fora do grupo EBX, disseram executivos da MPX em teleconferência nesta quinta-feira. O movimento tira Eike da MPX num momento em que o valor do seu império, que já foi avaliado em cerca de 60 bilhões de dólares, desintegra-se. Uma vez considerado o homem mais rico do Brasil, a participação pessoal de Eike na EBX diminuiu em mais de 20 bilhões de dólares no último ano, enquanto as promessas de poços de petróleo, portos, plantas de geração de energia e navios falharam em se materializar.
A maior parte das ações das empresas do EBX está agora quase sem valor, a dívida é negociada a níveis que sugerem default e investidores líderes questionam a promessa de Eike de investir mais. Com a economia do Brasil em dificuldade, a fraqueza da moeda e a demanda chinesa --força condutora por trás do boom do Brasil na última década-- diminuindo, investidores têm pouco apetite por novos investimentos.
"O apuro de Eike é como o do Brasil, um sinal de que não podemos mais ignorar o apuro do Brasil", disse Alexandre Barros, fundador da Early Warning, uma consultoria de risco político baseada em Brasília. "Eike deixou investidores animados sobre o potencial do Brasil, que era real, mas como o Brasil, Eike falhou em entregar."
A saída de Batista ocorre depois que a MPX cancelou uma oferta de ações de cerca de R$ 1,2 bilhão. A oferta se tornou insustentável com a deterioração das condições de mercado, disse a companhia em documento arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A recomendação para o cancelamento da oferta pública partiu do banco BTG Pactual, que tem atuado como assessor financeiro do grupo EBX, de Eike.
Em vez disso, a MPX vai promover um aumento de capital de R$ 800 milhões com ações ao preço de 6,45 reais por papel, em uma operação privada na qual Eike, parceiro da alemã E.ON, e o BTG Pactual poderão participar. "Isso é muito bom para a MPX", disse Ricardo Correa, analista do setor de energia da Ativa Corretora. "A MPX é a melhor empresa do grupo e eles estão trabalhando rápido para isolar a companhia e separá-la do risco associado com o grupo EBX de Eike", disse.
A ação da MPX, que tinha caído 42 por cento neste ano, subia mais de 10 por cento às 16h55 desta quinta-feira, na Bovespa. Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), a saída de Eike da MPX e ganhos de ações de várias empresas do grupo EBX nesta quinta-feira mostram que investidores consideram que a ruptura da EBX pode ser a melhor forma de proteger os investimentos.
"Eles têm que fazer alguma coisa e fazer algo rápido para isolar as diferentes partes do grupo da reação contra Eike, de forma que Eike e a EBX possam ter espaço para cessar a deterioração e reestruturar o grupo", disse Pires.
E.ON ASSUME
De acordo com o antigo plano de venda, as ações seriam vendidas a 10 reais cada, como parte da compra de participação na MPX pela E.ON, em março, de 1 bilhão de dólares. Agora, no novo plano, a E.ON concordou em comprar até 367 milhões de reais em ações no aumento de capital, com garantia do BTG Pactual na operação.
A E.ON detém 36 por cento na MPX, uma participação que poderá aumentar para até 38 por cento na operação privada, disseram executivos da MPX.
Eike deixará o conselho de administração, mas ainda tem 29 por cento da MPX e controle em conjunto com a alemã E.ON por meio de um acordo de acionistas, disse a MPX na teleconferência, adicionando que não há garantia que o empresário irá comprar novas ações no aumento de capital.
A participação de Eike será reduzida para 24 por cento se ele não comprar nenhuma ação da MPX no aumento de capital, segundo a empresa. Representantes na EBX não responderam imediatamente por comentários pedidos por telefone e email. "Nós vemos uma ampla gama de oportunidades como resultado dessa capitalização", disse o presidente-executivo da MPX, Eduardo Karrer, na teleconferência de quinta-feira. "Isso é parte do processo de evolução da MPX como uma entidade independente".
Recursos
Os recursos do aumento de capital serão usados para "fortalecer o balanço da companhia e prepará-la para o crescimento". A empresa quer participar de diversos leilões do governo para venda de energia térmica e eólica ao longo do ano, segundo Karrer.
A MPX precisa de novo capital para financiar cerca de 600 milhões de reais em usinas de geração de energia que irá transformá-la em uma empresa totalmente operacional. O aumento de capital da empresa deverá ser concluído em 40 dias, disseram executivos da companhia.
Jorgen Kildahl, membro do conselho pela E.ON, irá substituir Eike, que fundou a MPX em 2001, disse um porta-voz da E.ON. A decisão de Eike de deixar a empresa foi "pessoal", disseram representantes da MPX.
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