A ideia de separar os bancos em dificuldades em duas partes, uma com ativos bons e outra com títulos "podres", foi usada com sucesso no Brasil há pouco mais de dez anos. O Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), criado por Medida Provisória em novembro de 1995, teve a intenção de ordenar a fusão e incorporação de bancos a partir de regras ditadas pelo Banco Central logo após a crise do Banco Econômico, 22ª instituição financeira sob intervenção ou liquidação desde a implantação do Plano Real.
"O governo resolveu pegar esses bancos, separar cada um em bom e ruim, completaram o resto do dinheiro que faltava para financiar o banco bom e o vendeu para quem quisesse. E o banco ruim ia recebendo ativos ruins, e o que conseguisse com eles cobriria o que foi gasto. Uma parte voltou, outra se perdeu", lembra o professor Roy Martelanc, coordenador do MBA Banking da Fundação Instituto de Administração. "O mais importante foi que a economia não sofreu como está sofrendo agora. Nós fizemos direitinho na época", completa. "O Brasil já passou por isso e tomou uma atitude", diz o professor Evaldo Alves, da FGV-SP.
Para Martelanc, a solução para o sistema financeiro norte-americano passa por algo inspirado no Proer que, por sua vez, foi inspirado num programa sueco.
A diferença é que, no Brasil, foram usadas algumas dezenas de bilhões de reais para estancar o problema. Nos Estados Unidos, bancos e agências hipotecárias já receberam ajuda superior a US$ 1 trilhão algo próximo do PIB brasileiro no ano passado e ainda assim não se vê uma luz no fim do túnel.
Por aqui, o Proer também deixou o gosto amargo de que administradores irresponsáveis foram salvos pelo governo. (FL)
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