Um aluno da sala de alfabetização se levanta e, em uma lousa eletrônica, arrasta a imagem de um cavalo até a letra "C"; ouve, em seguida, um relinchar. Em outro ambiente, um grupo de alunos de uma área rural assiste, em uma telão, a uma aula de química e interage, ao vivo, com um professor que está a mais de 2 mil quilômetros de distância.
Situações como estas, aulas com o uso de lousa eletrônica e à distância, parecem imagens de um futuro distante, mas não são. Fazem parte do avanço tecnológico que, mesmo de forma tímida, entrou na educação brasileira e promete ficar.
De acordo com a pedagoga Elen Goulart, coordenadora regional de sistemas de ensino da Editora Positivo, não dá para negar que o mundo é multimídia, a tecnologia está muito próxima e em diversas situações e lugares: quando uma pessoa usa o cartão do banco, um trabalhador opera uma máquina agrícola ou um mecânico conserta um carro. "Não inserir a criança e o jovem neste universo é negar a eles esta alfabetização e, conseqüentemente, reduzir suas chances como profissional", afirma.
Esta nova perspectiva, porém, terá de romper importantes barreiras e quebrar tabus. Além das restrições econômicas, ainda há muita resistência dos educadores ao uso da tecnologia como aliado à metodologia educacional. "O professor tem que encarar a tecnologia como uma ferramenta e o seu papel é de mediador do processo de conhecimento. Nem ele nem os livros tem a verdade absoluta", afirma o professor Hamilton Pereira da Silva, gerente de tecnologia de Educação a Distância (EAD), do Grupo Educacional Uninter, em Curitiba.
Para o professor, um exemplo dos resultados positivos da aplicação da tecnologia vem da EAD. "O número de alunos que faziam cursos a distância (por meio de aulas transmitidas via satélite) triplicou em dois anos, passando de 7 mil em 2004 para 23 mil em 2006", afirma Silva.
Para os defensores da tecnologia em sala de aula, o uso dela não depende unicamente da existência de um computador para cada aluno. "É necessário uma mudança de ambiente de aula como criar uma sala colaborativa", afirma a pedagoga Andréa Caran, diretora-executiva da Divertire, editora de softwares. Dentro do conceito, a empresa trouxe para o Brasil a lousa interativa Activboard, da Promethean, que permite dar vida ao conteúdo das disciplinas por meio de sons, cores e movimento. "Com este recurso as aulas ficam muito atrativas e participativas", afirma.
Criatividade realmente não falta para a indústria da educação tecnológica. Mas para os adeptos é preciso ter cautela para que as facilidades da modernidade não atropelem a transmissão de conteúdo. "Se o professor não dominar o recurso, acabará perdendo a autonomia e desistindo de seu uso", afirma Rose Salvini, gerente de programas educacionais da Intel Brasil. Ela lembra que é comum diretores deixarem os laboratórios fechados porque não têm uma metodologia para o uso dos computadores.
Novas abordagens de treinamento e desenvolvimento de habilidades profissionais de professores fazem parte da "Escola Modelo", da Intel. Por meio de parcerias, o projeto permite que escolas públicas tenham acesso à banda larga, TV a cabo, e a um conteúdo digital. A escola precisa, em contrapartida, implantar um laboratório de no mínimo 10 computadores e estar conetada à internet.
A repórter participou, a convite do Grupo Educacional Uninter, da 13 .ª Feira Internacional de Educação (Educar), que aconteceu entre os dias 3 e 6 de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo.
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