As mulheres brasileiras ainda terão que esperar mais 75 anos para receber salários iguais aos dos homens, caso o país mantenha o mesmo ritmo de evolução registrado nos últimos dez anos. É o que revela um estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), divulgado na publicação semanal "Visão do Desenvolvimento".
De acordo com a última edição, que teve como tema "Mulheres conquistam mercado, mas ganham menos" mantidas as condições atuais a igualdade salarial só será conquistada em 2081. O estudo ressalta que, embora as mulheres estejam cada vez ganhando mais espaço no mercado de trabalho, sua remuneração ainda é comparativamente inferior à que recebem os homens nos postos com o mesmo grau de qualificação.
A discrepância salarial favorável aos homens entre os trabalhadores mais escolarizados pode, em princípio, ser explicada pela maior limitação de acesso das mulheres a cargos de chefia ou, mais geralmente, a ocupações bem remuneradas, diz o documento.
Segundo o economista Antônio Marcos Ambrozio, que coordenou o estudo, a desigualdade salarial "robusta" entre mulheres e homens, resulta em parte, das dificuldades e restrições que o sexo feminino encontra para ocupar cargos de chefia. Para ele, a disparidade salarial entre homens e mulheres caiu de forma "muito tímida" ao longo dos últimos dez anos.
- A persistir essa tendência, seriam necessários mais de 75 anos para eliminar completamente a desigualdade salarial por sexo - afirma Ambrozio.
As projeções, no entanto, podem ser atropeladas pela constatação de que, em razão das dificuldades decorrentes da realidade do mercado, as mulheres vêm buscando cada vez maior grau de especialização. Isso poderá garantir maior capacidade de competição em um mercado ainda favorável em nível salarial ao sexo masculino.
- O próprio fato de as mulheres estarem tendo um acesso crescente a mais educação e, conseqüentemente, a empregos mais qualificados pode levar a um encurtamento deste diferencial - do tempo de redução da diferença de remuneração entre homens e mulheres - pondera o economista.
- O estudo foi elaborado a partir de dados do Cadastro Geral de empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho.
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