Desde que foi criado, há oito anos, o salário mínimo regional do Paraná subiu mais do que a média do nacional. Enquanto o salário nacional teve um ganho real já descontada a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 33% no período, o mínimo regional teve avanço de 42,8%.
INFOGRÁFICO: Veja o crescimento do salário mínimo do Paraná e dos demais estados que adotam o modelo
Em termos nominais, o piso regional subiu 122,1% no período. Hoje ele é o mais alto - varia de R$ 948,20 a R$ 1.095,60 entre os estados que adotam esse modelo, como São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Os dados são de um levantamento do professor Lucas Dezordi, coordenador do curso de ciências econômicas da Universidade Positivo (UP), que cruzou os informações dos pisos regionais a pedido da Gazeta do Povo. Todos os cinco estados que adotaram mínimos regionais tiveram reajustes acima da média nacional no período analisado. Santa Catarina e Rio de Janeiro tiveram os maiores ganhos.
Função
O piso regional serve, principalmente, para regulamentar o salário de categorias profissionais que não têm convenção nem acordo coletivo. No caso do Paraná, ele baliza o rendimento de domésticos, empregados em atividades agropecuárias, profissionais da produção de bens e serviços industriais. Hoje beneficia cerca de 1 milhão de trabalhadores. "Ele protege categorias que não tem como negociar reajustes, não tem poder de barganha", diz Alexandre Porsse, professor do departamento de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Política
O salário mínimo regional entrou na linha de fogo dos candidatos às eleições para o governo. Enquanto o governador Beto Richa (PSDB) e a candidata Gleisi Hoffmann (PT) defendem reajustes negociados entre governo, trabalhadores e setores produtivos, o senador Roberto Requião (PMDB) acredita que o governo deve estipular os reajustes com base no crescimento do PIB e da produtividade.
A proposta desagradou os representantes patronais, que alegam que a medida de "cima para baixo" pode trazer prejuízos para a economia, principalmente para setores com índices de produtividade menor que a média.
Fora do âmbito político, os economistas defendem o mínimo regional como um instrumento de diminuição da desigualdade de rendimentos, aumento da capacidade de compra e da demanda por produtos e serviços. "Atualmente, 61% do PIB é formado pelo consumo das famílias. O salário regional também tem uma função estabilizadora na economia", diz Lucas Dezordi, da UP.