A inflação deu uma trégua nos dois últimos meses, puxada pela queda no preço dos alimentos, mas deve voltar a ser pressionada no segundo semestre. Para economistas, o maior sinal de preocupação com os índices de preços vem do mercado de trabalho.
As empresas estão tendo de pagar salários cada vez maiores para contratar novos funcionários, principalmente para tirar pessoal de empresas concorrentes.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que os salários de contratação na indústria cresceram 12% nos últimos 12 meses. Na média da economia, a alta foi de 10%.
No mesmo período, a inflação oficial, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 6,7% - acima do teto da meta estabelecida pelo governo para 2011, de 6,5%. Para especialistas, o Banco Central (BC) terá dificuldade para impedir que a inflação ultrapasse esse teto.
"Como trazer a inflação para 4,5% (o centro da meta), se os salários estão crescendo 10%, 12%?", questiona o economista José Roberto Mendonça de Barros, sócio da consultoria MB Associados. Para ele, o cenário não é de descontrole, e sim de deterioração das condições econômicas: "Prejudica o crescimento de médio e longo prazo."
Pesa ainda sobre a inflação a pressão que deve ser exercida pelos reajustes salariais das grandes categorias que querem negociar aumentos reais.
O crescimento da massa real de salários é bom para o consumidor e excelente para as vendas. No entanto, representa um aumento de custos para as empresas. "O problema é que elas estão mudando a forma de fazer preços", afirma o consultor. Até um ano e meio atrás, segundo ele, a tabela de preços era instrumento de competição das companhias. "Hoje, elas simplesmente repassam os aumentos para os preços." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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