O superávit comercial brasileiro caiu 65,3 por cento em abril na comparação com o mesmo período do ano passado, refletindo a demanda doméstica aquecida e o câmbio favorável às compras no exterior, informou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior nesta segunda-feira.
No mês, tanto as exportações quanto as importações foram recordes para o período, mas as importações cresceram em ritmo superior, o que achatou o saldo.
O superávit foi de 1,283 bilhão de dólares em abril, o menor para o mês desde 2002 (481 milhões de dólares). O saldo resultou de exportações de 15,161 bilhões de dólares e importações de 13,878 bilhões de dólares.
No mesmo período do ano passado, a balança havia sido superavitária em 3,693 bilhões de dólares.
Na comparação anual pela média diária, as exportações tiveram alta de 23 por cento e as importações, de 60,8 por cento.
"O crescimento das importações reflete a retomada da demanda, e o câmbio também ajuda", afirmou o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, a jornalistas.
Ele disse que, do lado das exportações, o governo tem tomado medidas e adotará outras para estimular as vendas brasileiras. Mas frisou que a competitividade dos produtos nacionais ainda é prejudicada pela tributação e a burocracia, além do câmbio --o que traz risco de perda de mercado e de escala.
"O Brasil tem de aumentar a competitividade das suas exportações, nós não temos muito como lidar com as importações", afirmou, acrescentando que boa parte das compras no mercado externo são de insumos e máquinas para a produção.
Ele destacou estar "preocupado" com a aceleração das compras de bens de consumo. No mês, a alta foi de 50 por cento pela média diária na comparação com abril de 2009, influenciada por uma elevação de 71,4 por cento de produtos duráveis, como eletrônicos e carros.
No mesmo período, as importações de bens de capital (máquinas e equipamentos) aumentaram 18,9 por cento e a de insumos, 65,1 por cento.
O reajuste dos preços do minério de ferro não justificou, ainda, uma elevação da meta de exportações do ministério, mantida em 168 bilhões de dólares.
Apesar de prever que os aumentos dos preços do produto, próximos a 100 por cento, contribuirão para uma elevação do saldo, Barral ponderou que a demanda também pode ser afetada negativamente.
Quadrimestre
Com o resultado de abril, o superávit acumulado no ano somou 2,175 bilhões de dólares, ante 6,681 bilhões de dólares no mesmo período de 2009.
As exportações totalizaram 54,390 bilhões de dólares e as importações, 52,215 bilhões de dólares --ambos os valores foram recordes para o período.
Pela média diária, o saldo no ano ficou em 26,9 milhões de dólares, 67,4 por cento abaixo do observado no mesmo período do ano passado.
Na mesma comparação, as importações aumentaram 41,8 por cento, para 644,6 milhões de dólares pela média diária, e as exportações cresceram 25 por cento, para 671,5 milhões de dólares.
Analistas consultados pela Reuters previam saldo positivo de 1,1 bilhão de dólares para abril, segundo mediana de 11 respostas que variaram de 880 milhões a 1,6 bilhão de dólares.