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Saldo externo na Bolsa brasileira é o maior em dois anos

A diferença entre compras e vendas de estrangeiros na Bolsa brasileira teve saldo positivo pelo quarto mês seguido em maio. A cifra chegou a R$ 5,538 bilhões no mês passado - maior valor desde janeiro de 2012, quando atingiu R$ 7,168 bilhões.

"É um resquício do movimento que a gente teve em março e abril. Com a expectativa de que as taxas de juros lá fora continuem baixas por um período mais longo de tempo, esses investidores voltaram a buscar mercados com juros mais altos e preços atraentes, como o Brasil", diz João Pedro Brügger, analista da consultoria Leme Investimentos.

Em maio, os estrangeiros compraram R$ 70,022 bilhões e venderam R$ 64,483 bilhões em ativos na BM&FBovespa. Apesar do saldo positivo, o volume de compras foi menor que o registrado em abril, de R$ 77,285 bilhões, assim como as vendas, que somaram R$ 75,349 bilhões no quarto mês do ano.

Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, três pontos podem explicar o evento, do ponto de vista macroeconômico. O primeiro seria o fato de, na Bolsa dos EUA, os preços já estarem altos (índice Standard & Poor's 500), o que influencia os gerenciadores de portfólio a redirecionarem os recursos a outros mercados com maior possibilidade de retorno.

Uma maior liquidez mundial também foi elencada pelo economista. O incentivo monetário do banco central dos EUA está sendo retirado de maneira mais lenta do que supunham os analistas. "Agora tudo indica que teremos uma guerra monetária depois da reunião do BCE [Banco Central Europeu]", disse ele. Na reunião, marcada para esta quinta-feira (5), a previsão é que o BCE anuncie medidas que estimulem a economia da região, como cortes das taxas de juros.

O terceiro ponto, que explica a opção pelo Brasil como destino de recursos, é a alta rentabilidade dos dividendos pagos na Bolsa brasileira em relação ao preço das ações - dividend-yield - comparado a outros emergentes. Dados da Bloomberg mostram que o índice de dividendos pagos no Brasil em 12 meses está maior em relação aos mercados chinês e mexicano.

Segundo Pedro Galdi, analista-chefe da SLW Corretora, o fato de a Bolsa brasileira ter caído muito em 2013 (-15,5%) deixou muitos ativos com preços atraentes no mercado nacional, o que colaborou para a vinda mais expressiva de investidores ao país. "Além disso, há no mercado um consenso de que, independentemente de quem vencer a eleição para presidência em outubro, serão necessárias medidas efetivas para ajudar os setores mais prejudicados pela política econômica atual. Isso deve ampliar os ganhos dos papéis e, consequentemente, os lucros dos investidores", completa Galdi.

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