A balança comercial brasileira acumula um superávit de US$ 9,949 bilhões de janeiro a julho deste ano, uma queda de 38,2% em relação ao mesmo período de 2011, segundo o balanço apresentado, ontem, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O resultado reflete o recuo de 1,7% nas exportações em geral e também uma ligeira desaceleração nas importações. "O câmbio desvalorizado e o consumo interno ocorrendo abaixo do que se esperava explicam essa redução no ritmo das importações", comenta o economista da consultoria Tendências Bruno Lavieri. Ainda que tenham subido em ritmo menor, no entanto, a 3,1%, as importações acabaram batendo recorde histórico no acumulado de janeiro a julho de 2012: US$ 128,270 bilhões.
Os combustíveis foram os principais responsáveis por esse resultado. No período, as importações dos derivados do petróleo e lubrificantes subiram 11,4% reflexo da demanda interna crescente do país e também da necessidade de se retomar a capacidade de produção de etanol. Na comparação de julho deste ano com igual período de 2011, a gasolina que desembarca no Brasil caiu em volume e valores (-1,7% e -9,7%, respectivamente), o etanol, entretanto, cresceu, e bastante: 59% a mais em litros comprados e 70,5% a mais em valores, passando de um peso de US$ 170,6 milhões nas importações em 2011 para US$ 304,8 milhões em julho último.
Embarques
Entre os produtos que se destacaram nas exportações está a soja brasileira, principalmente o farelo da oleaginosa, cujo embarque para o exterior cresceu 45,3% em valor e 24,6% em volume em relação a julho de 2011, embalado também pelo preço do produto, que subiu 16,6%, de uma média diária de US$ 392 por tonelada para US$ 457,2 por tonelada. Boa parte desse bom desempenho da soja brasileira se deve também ao desempenho menor dos Estados Unidos, prejudicado pela seca.
Ainda em meio às exportações, ocorreu uma queda acentuada no preço do minério de ferro, 23,8%, produto que é um dos principais responsáveis pelos resultados positivos da balança brasileira nos últimos anos. Essa precificação menor levou o volume financeiro exportado do produto cair de US$ 3,7 bilhões em julho de 2011 para US$ 2,8 bilhões neste ano, enquanto que a queda no volume foi relativamente baixa, de apenas 4,8%.
Entre as razões para esta queda estaria a diminuição da demanda de um dos principais compradores: a Europa. "De maneira geral, temos um cenário de baixo crescimento mundial como um todo e a China, nossa maior compradora, especialmente, tentando voltar a sua economia mais para o consumo interno, assim como os Estados Unidos, enquanto a Europa continua em profunda crise", avalia Lavieri.
No acumulado, as vendas brasileiras para a Europa caíram 7% em relação a igual período de 2011. Já as vendas para os Estados Unidos 14,4% maiores parecem mais um sinal de que a economia do país norte-americano começa a entrar nos eixos.