Justiça
Briga de sócios completa 7 anos
A Sanepar continua envolvida em uma disputa de sócios que já dura sete anos. Desde que assumiu em 2003, o governador Roberto Requião tenta afastar do processo decisório da companhia um grupo de investidores que comprou 40% do capital com direito a voto da empresa. Chamado de Dominó, esse acionista tem como sócios a Copel (cuja participação de 45% foi comprada durante o governo Requião), a Andrade Gutierrez e a Daleth. No processo de aquisição das ações, o Dominó obteve o direito, por um acordo de acionistas, de ter maioria no conselho de administração da Sanepar. O governo estadual tentou derrubar o pacto de acionistas na Justiça, mas o processo ainda não chegou ao fim.
Além de recorrer contra o acordo, o governo do estado propôs aumentar o capital da companhia com a conversão em ações de recursos já repassados à empresa o que provavelmente elevaria sua cota de papéis com direito a voto. O aporte foi evitado pelo Dominó com liminares judiciais que vetaram a realização de assembleias para votar o tema. Contrariado, Requião pediu de volta o dinheiro no ano passado. A dívida foi calculada em R$ 744 milhões, e a Sanepar chegou a anunciar que repassaria ao governo do estado o sistema de distribuição de água do Rio Iraí, que abastece Curitiba, como forma de pagamento.
Segundo o presidente da Sanepar, Stênio Jacob, o governo do estado ainda tem a expectativa de que conseguirá fazer o aumento de capital por isso não levou adiante a ideia de tomar o Iraí. "Não tem cabimento os minoritários impedirem o aporte. Se quiserem, eles podem investir também. Isso está impedindo o crescimento da empresa", afirma. Jacob critica o fato de a discussão na Justiça estar se arrastando há sete anos. "Tudo seria resolvido se fosse julgado o mérito da disputa entre os acionistas."
A Sanepar pretende tirar do papel em 2010 um plano de investimentos de no mínimo R$ 540 milhões. Esse é o volume de recursos assegurado para tocar projetos, sendo cerca de R$ 160 milhões do caixa da própria companhia e o restante de convênios com a Caixa Econômica Federal e BNDES. O valor é também o maior já aplicado pela empresa na expansão de sua rede de abastecimento de água e tratamento de esgoto.O plano de investimentos da Sanepar para o período 2010-2012 prevê a aplicação de R$ 1,8 bilhão, mas o presidente da companhia, Stênio Jacob, diz que os números para 2011 (R$ 683 milhões) e para 2012 (R$ 599 milhões) são projeções feitas com base nos projetos que a empresa pretende tocar nos próximos anos, mas que precisam ser confirmados pela próxima gestão que será indicada em janeiro de 2011 pelo próximo governador do estado.Na semana passada, Jacob assinou contratos que somaram R$ 158 milhões com a Caixa, sendo o maior a duplicação da capacidade de tratamento do Projeto Tibagi, em Londrina. A cidade também receberá investimentos para uma nova fase do sistema de coleta e tratamento de esgoto. Há projetos de grande porte também em Cascavel (R$ 25 milhões) e Apucarana (R$ 23 milhões)."Contamos com recursos do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] para atender cidades com mais de 50 mil habitantes e conseguimos incluir projetos de R$ 100 milhões no orçamento da União para municípios menores. Agora esperamos uma definição da Caixa sobre o direcionamento de recursos do FGTS nos próximos meses", detalha Jacob. Com isso, a companhia espera superar com folga os R$ 459 milhões investidos em 2009. A principal meta de 2010 é elevar a oferta de tratamento de esgoto de 60% para 65% das residências atendidas pela Sanepar.
Energia
O poder de investimentos da companhia ainda pode ser elevado se for aprovado um projeto que está sendo avaliado pela Japan International Cooperation Agency (Jica) agência de cooperação do Japão. "Apresentamos um projeto para gerar energia a partir do biogás das estações de tratamento de esgoto e esperamos uma resposta do Japão", conta Jacob. No total, o plano prevê a aplicação de R$ 1,5 bilhão em três etapas. A Sanepar já tem instalada em Foz do Iguaçu uma versão de testes do sistema ali, ele gera energia suficiente para abastecer cinco casas e já está ligado à rede de transmissão da Copel. Independentemente do financiamento da Jica, em 2010 a companhia pretende começar a montar geradores em Curitiba e Londrina.
De acordo com Jacob, a alta dos investimentos não deve antecipar um possível aumento de tarifas desde 2005 a Sanepar não mexe nos preços ao consumidor, seguindo uma determinação do governo do estado. "A tarifa é instrumento para cobrir os custos operacionais, o que por enquanto ainda ocorre. E nos últimos anos sempre tivemos resultados positivos. Só vamos aumentar preços quando houver uma necessidade clara", diz.
O retorno da companhia, porém, é decrescente. O último balanço, referente ao terceiro trimestre de 2009, mostra um lucro líquido de R$ 124 milhões nos primeiros nove meses do ano, quase 6% menor do que no mesmo período de 2008. A margem operacional caiu de 17,6% para 15,7%. Em 2005, quando o lucro do mesmo período foi de R$ 218 milhões, ela era de 24%.
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