A eventual compra do ABN Amro pelo consórcio formado pelo Royal Bank of Scotland (RBS), Santander e Fortis, que ofereceram 70 bilhões de euros pelo banco holandês, promete provocar uma reviravolta no cenário bancário nacional. O Santander-ABN seria a segunda maior instituição financeira do país, com ativos de R$ 221 bilhões, deixando para trás o Bradesco (R$ 213 bilhões) e o Itaú (R$ 205 bilhões). Só perderia para o Banco do Brasil (R$ 296 bilhões), segundo dados do Banco Central. "Se confirmada, a operação poderá dar início a uma nova rodada de aquisições no mercado nacional. Os bancos nacionais vão tentar manter posições no ranking", avalia André Paes, analista do Paraná Banco. "O Santander precisa ganhar escala e com a operação passa a brigar entre os grandes", diz.
Segundo analistas, Santander, mais concentrado em crédito imobiliário, e ABN Amro, voltado principalmente para o varejo, com foco na classe média e no público universitário, possuem carteiras complementares, o que deve alavancar as operações no país.
No Paraná, onde ainda possui uma presença pequena são 73 pontos de atendimento a aquisição do ABN Amro pode vir em boa hora para o banco espanhol, que acaba de assumir as contas do funcionalismo municipal, no lugar do Itaú. Segundo o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, o ABN possui 20 agências na capital, contra 12 do Santander. "Ao contrário de outras praças, não haverá sobreposição de agências. Como o banco quer ganhar escala, o impacto da operação na forma de demissões deve ser mínimo", prevê Marisa Stédile, presidente do sindicato, que não soube informar o número de empregados nas duas instituições no estado.
O Santander pretende investir R$ 40 milhões para inaugurar 43 novos pontos de atendimento no estado nos próximos meses, incluindo 14 agências, 9 postos de atendimento bancário, 10 pontos de atendimento eletrônico e 10 pontos públicos localizados em supermercados, aeroportos e shoppings. O reforço responde ao aumento da demanda por conta do contrato com a prefeitura de Curitiba. O banco pagou R$ 140,5 milhões para movimentar as contas dos funcionários municipais.
Os salários dos 39 mil servidores municipais de Curitiba, ativos e inativos, além de pensionistas, estagiários e funcionários que pertencem à administração municipal direta e indireta serão depositados, a partir de 31 de outubro, em contas do banco Santander. As contas serão pré-abertas automaticamente, mas o servidor deverá, até 19 de outubro, formalizar a conta.