O estado de São Paulo foi responsável por 43,59% do total de 654.946 postos de trabalhos que foram fechados no país em dezembro do ano passado. No estado, foram fechadas 285.532 vagas ao longo daquele mês, mais de 100 mil acima do registrado em dezembro de 2007, quando 173.905 trabalhadores foram dispensados.
Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (4) pela Secretaria Estadual de Emprego e Relações do Trabalho e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe/USP), que lançaram o "Observatório do Emprego e do Trabalho".
Trata-se de um estudo que será divulgado mensalmente sobre a situação do emprego nos 645 municípios do estado a partir da análise das informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Governo Federal.
Impacto
A maior parte das demissões, 126.794 (44,4%), ocorreu na indústria da transformação e chegou a quase o dobro do registrado em dezembro de 2007 (66.563). E a maioria dos empregos perdidos estava na região metropolitana de São Paulo, onde se verificou o fechamento de 62.934 vagas, seis vezes as 10.535 demissões registradas em dezembro de 2007.
"O governo de São Paulo está preocupado com a situação dos empregos e em adotar medidas que tenham alcance estadual e possam ter influência nacional", disse o secretário, Guilherme Afif Domingos.
"Sabemos que o impacto na indústria poderá em breve ser sentido no setor de serviços." Segundo ele, o objetivo do Observatório é obter informações precisas sobre o quadro de emprego no estado para formular políticas públicas eficientes em cada região.
Salário
O salário médio dos admitidos no estado em dezembro foi de R$ 834, com redução de 1,39% na comparação com novembro de 2008 e de 1,07% ante dezembro de 2007. O maior salário médio foi o da Região Metropolitana de São Paulo (R$ 910) e o menor, de Franca (R$ 664). "A queda nos salários médios deve continuar nos próximos meses", disse o professor Hélio Zylberstajn, da Fipe. Uma das novidades do Observatório é o indicador "Pressão Salarial", que é a relação entre o salário médio dos admitidos e o salário médio dos desligados. No estado, a pressão foi de 0,92 ponto, o que significa que os trabalhadores contratados estão ganhando 8% menos do que os demitidos.
Na Região Metropolitana de São Paulo, o indicador da pressão salarial ficou em 0,84 ponto, a menor entre todas as regiões. "É a região que primeiro sentiu os impactos da crise", disse Zylberstajn. Em dezembro de 2007, a pressão salarial no Estado era de 1,05 - ou seja, os contratados estavam ganhando 5% a mais que os demitidos. Em novembro do ano passado, foi de 0,91.
A taxa de rotatividade no estado ficou em 2,36% - ante 3,36% em novembro e 2,56% em dezembro de 2007. Segundo Zylberstajn, a rotatividade no País é historicamente alta, e nos meses em que houve crescimento econômico ela aumentou ainda mais, já que os próprios funcionários tinham a iniciativa de buscar trabalhos mais bem remunerados, o que tende a diminuir nos próximos meses.
Há vagas
Embora as demissões tenham sido elevadas em dezembro, houve crescimento de vagas em algumas ocupações. No caso de operadores de telemarketing, foram criadas 2.739 vagas no mês.
Essa é a ocupação que paga um dos menores salários do estado, de R$ 532 em média, somente menor do que os valores pagos para trabalhadores agrícolas e para empregados que prestam serviços de manutenção e conservação em edifícios. A taxa de rotatividade entre operadores de telemarketing foi a maior entre as ocupações: 7,18%.
No mês, também foram criados empregos no estado para garçons, com 1.367 vagas, e caixas, com 1.160 vagas. As perdas foram lideradas por trabalhadores agrícolas, com 80.100 vagas, seguidos por motoristas, com 10.761, e alimentadores de linha de produção, com 10.718 vagas.
Empreendedorismo
Outra novidade do Observatório foi a apresentação de uma estimativa do empreendedorismo no estado, resultado da combinação dos dados de 2006 da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).
O Observatório apurou que há 1.987.728 empreendedores formais no Estado e 2.950.457 informais, totalizando 4.938.185 empreendedores, entre Pessoas Jurídicas (PJs), autônomos, camelôs e outras ocupações.
"Temos um Uruguai inteiro de empreendedores escondidos no Estado", disse Afif, que comparou o número à população do país sul-americano. A partir de junho, o Estado iniciará um mutirão para formalizar os empreendedores informais.
A meta é formalizar 10% dos quase 3 milhões de informais estimados pelo Observatório. Para os que faturam até R$ 3 mil por mês, a formalização custaria mensalmente cerca de R$ 50 - incluídas despesas com INSS, estado e município.
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