Cerca de R$ 130 bilhões devem ingressar na economia até o fim do ano via auxílio emergencial e saque emergencial do FGTS, garantindo a continuidade da retomada econômica nos últimos meses do ano.| Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Apesar de o valor do auxílio emergencial ter sido reduzido à metade, o governo acredita que isso não será um problema para o desempenho da economia no quarto trimestre deste ano. A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia calcula que cerca de R$ 130 bilhões devem ingressar na economia até o fim do ano via auxílio emergencial e saque emergencial do FGTS, garantindo a continuidade da retomada econômica nos últimos meses do ano.

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"Uma conta conservadora nos leva a concluir que em decorrência do AEI [auxílio emergencial aos informais], da extensão do AEI [no valor de R$ 300] e do saque emergencial do FGTS ainda podem ingressar mais de R$ 130 bilhões na economia até o final do ano. Motivo esse que nos parece suficiente para garantir um quarto trimestre em linha com a retomada da economia", diz a SPE na nota técnica "Considerações sobre a política econômica: objetivos e desafios para 2021".

A secretaria deve divulgar até o fim da próxima semana projeções atualizadas para o desempenho da economia neste ano. A expectativa é que ela melhore a atual estimativa, que está em uma queda de 4,7% do Produto Interno Bruto em 2020. O mercado financeiro está projetando uma queda 4,8%, de acordo com o último Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (9) pelo Banco Central.

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O governo entende que, passada a pior fase da pandemia, ou seja, o segundo trimestre de 2020, a atividade econômica vem retomando seus patamares pré-crise da Covid-19. Os setores de comércio e serviços lideraram a retomada no terceiro trimestre, de acordo com dados do IBGE, e os serviços serão o carro chefe do quarto trimestre, projeta o governo.

O papel do auxílio emergencial e do saque do FGTS

O auxílio emergencial e o saque emergencial do FGTS terão papel fundamental para ajudar a retomada neste quarto trimestre, diz o governo. São, pelo menos, mais R$ 130 bilhões a serem sacados pelos trabalhadores formais ou informais, o que deve garantir a economia aquecida.

A Secretaria de Política Econômica informou que ainda falta pagar parcelas de R$ 600 às pessoas que têm direito a receber o auxílio emergencial, criado em abril. A legislação obriga o governo a pagar cinco parcelas de R$ 600 a todos os beneficiários, mas muitos só tiveram seus cadastros aprovados há poucos meses, por isso ainda estão recebendo os R$ 600. Em 14 de outubro, ainda restavam R$ 14 bilhões a serem pagos, segundo a SPE.

Além das cinco parcelas de R$ 600, o governo editou uma medida provisória para estender o benefício até o fim do ano, mas num valor menor, de R$ 300. Com isso, além das cinco parcelas, os beneficiários podem receber até dezembro mais quatro parcelas de R$ 300 cada, a depender da data de entrada no programa. Essa extensão garantirá R$ 59 bilhões de injeção de dinheiro na economia neste último trimestre do ano.

A SPE calcula, ainda, que parcela relevante do auxílio emergencial que vem sendo pago desde abril a 67,8 milhões de pessoas foi poupado, ou seja, não foi gasto. Parte desse valor, acredita a secretaria, deve ser gasto neste fim de ano. “Nos parece que uma estimativa conservadora poderia facilmente colocar outros R$ 50 bilhões nessa conta”, projeta a SPE.

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Outra medida que continuará injetando dinheiro na economia até o fim do ano é o saque emergencial do FGTS. Essa medida possibilitou que trabalhadores com contas ativas e inativas no fundo pudessem sacar até R$ 1.045 por pessoa. O calendário de créditos a todos os trabalhadores já foi concluído em setembro via aplicativo CaixaTem, mas o de saque segue em andamento até o fim de novembro. Os saques podem ser realizados até dezembro.

No total, são disponibilizados para saque R$ 37,8 bilhões para aproximadamente 60 milhões de trabalhadores. Segundo projeções da SPE, há pelo menos R$ 15 bilhões a serem sacados. “Apesar de não termos informações detalhadas do quanto desse recurso já foi sacado, podemos usar a experiência passada para inferir que cerca de 40% desses R$ 37,8 bilhões ainda não foram sacados. Uma estimativa conservadora nos levaria então a assumir que ainda restam ao menos R$ 15 bilhões a serem sacados em decorrência do saque emergencial do FGTS”, diz a secretaria.

O papel da poupança das classes média e alta

Os mais de R$ 130 bilhões que podem ingressar na economia até o fim do ano se referem somente ao dinheiro extra injetado via saque emergencial do FGTS e auxílio emergencial. Os dois auxílios foram criados pelo governo justamente para ajudar a manter a economia aquecida neste ano de crise causada pela pandemia de Covid-19.

A secretaria do Ministério da Economia afirma que o valor pode ser ainda maior se for considerada a poupança feita voluntariamente pelas classes média e alta. Muitas pessoas dessas classes não perderam seus empregos durante a crise e economizaram valores significativos durante o isolamento social.

“Devido às restrições sanitárias, vários bens e serviços deixaram de ser ofertados e, além disso, o medo de contágio levou a redução na demanda de vários serviços. Assim, as classes médias e alta economizaram volumes expressivos de recursos por não consumirem serviços de restaurante, bares, cinemas, viagens, pela economia nos custos associados ao trabalho presencial etc”, relata a SPE.

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A secretaria cita que o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, e sua equipe calculam que esse montante de poupança extra era cerca de R$ 130 bilhões em maio de 2020, considerando a variação dos saldos das aplicações financeiras e sem computar os recursos guardados sem rendimentos pelas famílias.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]