A vontade da opinião pública da Grécia será ouvida neste domingo (5), quando os cidadãos irão votar em um plebiscito para dizer se são a favor ou contra as medidas de austeridade propostas pelos credores internacionais em troca de uma nova ajuda financeira ao país. A ânsia por um futuro melhor divide a população entre aqueles que irão votar “sim” e aceitar as exigências e os que seguirão a vontade do governo do primeiro-ministro, Alexis Tsipras, e votar “não”.
Pesquisa divulgada nesta sexta-feira (3) pelo instituto Public Issue mostra um eleitorado dividido, com 43,0% dos gregos rejeitando os termos de resgate impostos pelos credores e 42,5% dizendo apoiar as medidas.
Se a população optar pelo “não”, as posições de ambos os lados tendem a endurecer e a crise pode se agravar rapidamente. Isto levanta riscos de consequências políticas e econômicas mais extremas, incluindo, é claro, uma possível saída da Grécia da zona do euro, avalia Malcolm Barr, analista do JPMorgan Chase.
Neste caso, dois cenários podem ser esperados. O primeiro é que Tsipras deve retornar a Bruxelas, mas não chegar a nenhum acordo. O caos pode se instalar e os mercados precificarem uma saída da Grécia da zona do euro. O primeiro-ministro, apoiado pela população, pode manter a sua posição inicial, de que a redução da dívida deve ser uma parte fundamental de qualquer novo negócio.
O segundo cenário é a volta de Tsipras às negociações para tentar chegar a um acordo melhor, mas sem o alívio da dívida. Apesar do apoio no plebiscito, o caos causado pelo fechamento recente dos bancos poderá levar o premiê a ter de chegar a um acordo o mais rápido possível.
Por outro lado, Tsipras pode enfrentar uma dura derrota caso o “sim” vença, já que o partido Syriza foi eleito com o intuito de acabar com as medidas de austeridade. Nesse caso, o primeiro-ministro poderá ser forçado a deixar o posto. O ministro de Finanças, Yanis Varoufakis, declarou nesta semana que irá renunciar ao cargo se a população do país concordar com as medidas.