A seca que vem prejudicando as lavouras do Sul desde novembro vai reduzir a safra nacional de grãos em 4,5 milhões de toneladas, conforme levantamento divulgado ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A retração é de 2,8% em relação a 2010/11 e limita a colheita de 2011/12 a 158,45 milhões de toneladas. O Paraná perde 1,72 milhões de toneladas (7,8%) e o Rio Grande do Sul, 3,11 milhões (10,8%), puxando os números nacionais para baixo, mostra o estudo, que considera perdas relatadas até 19 de dezembro.
Os governos paranaense e gaúcho fizeram avaliações preliminares e apontam impacto negativo de aproximadamente R$ 4 bilhões na economia. No Paraná, a redução na receita dos produtores de grãos equivale ao que eles investiram no milho de verão.
As perdas no Sul somam 5,26 milhões de toneladas de grãos. Porém, a previsão de aumento de 1,5 milhão de toneladas no Sudeste e no Centro-Oeste ameniza o impacto da crise nas demais regiões.
O levantamento é o quarto divulgado pela Conab sobre a safra 2011/12, mas o primeiro que considera as projeções repassadas aos técnicos pelos produtores. Os três primeiros tomaram médias históricas e projeções climáticas como referência, e já apontavam queda. Em relação ao último levantamento, houve variação negativa de 0,2% na previsão para a safra nacional.
No Paraná, a região mais afetada é o Sudoeste, onde a maior parte das lavouras teve ontem mais um dia de sol. A expectativa é de que o clima seco mude ainda nesta semana. Porém, as perdas são consideradas irreversíveis.
"No milho, a quebra vai ser de 30% a 40%. A soja sente menos a estiagem. Mas, como as noites frias já tinham reduzido um pouco a produção, as perdas devem chegar a 25%", afirma Alberto Santin, que acompanha a situação de 290 mil hectares dos associados da Coopertradição, de Pato Branco.
Os produtores das regiões Oeste, Centro-Oeste, Noroeste e Norte também relatam perdas expressivas. A situação é menos grave no Centro, nos Campos Gerais e no Sul do estado, que devem amenizar o impacto do clima, influenciado pelo La Niña. As previsões meteorológicas para os próximos meses continuam sendo de chuvas abaixo do normal.
As culturas de milho, soja e arroz serão as mais afetadas, disse o gerente de levantamento da Conab, Carlos Roberto Bestetti. Ele ressaltou que esses produtos representam 94% da produção da Região Sul e que as previsões tendem a ser revisadas para baixo nos próximos meses.
Em relação à safra nacional de milho, a previsão ainda é de aumento de 2 milhões de toneladas (5,6%) na colheita de verão, que pode chegar a 35,92 milhões de toneladas. Entre os principais produtores, a Conab aponta perdas apenas no Rio Grande do Sul. A quebra deve-se principalmente à estimativa de redução de 3,57 milhões de toneladas (4,7%) na colheita da soja.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também divulgou ontem previsão sobre a produção de grãos e aponta safra de 160,9 milhões de toneladas. O estudo indica que o Rio Grande do Sul terá redução de 13,3% na colheita de soja. No Paraná, a seca seria responsável por queda de 8,2%. Mato Grosso, maior produtor nacional, deve ver sua produção aumentar 5,6% em relação ao ano passado, aponta o IBGE.