O fim do monopólio de resseguros no Brasil e a popularização dos seguros deve fazer o mercado segurador dobrar a participação no Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos quatro anos passando de 3% aproximadamente R$ 70 bilhões para 6%. A previsão é do superintendente da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Armando Vergílio dos Santos Júnior. Ele esteve ontem em Curitiba para um café da manhã com corretores. O órgão regulador espera, com a criação de produtos para classe C, D e E, inserir 100 milhões de novos clientes no mercado.
"O consumo de seguros no Brasil é muito baixo se comparado a outras economias do mesmo porte. Temos a décima maior economia mundial, mas estamos em 55.º no ranking de seguros", diz Santos. A estabilidade da inflação e previsão de crescimento da economia brasileira, afirma o superintendente, vêm contribuindo para um ambiente favorável ao ramo de seguros. Mas o impulso maior do setor deve vir a partir de janeiro, quando acaba o monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB).
O resseguro funciona como seguro do seguro, ou seja, uma maneira das seguradoras transferirem parte do risco para a resseguradora. "Com a quebra do monopólio, surgirão novas tarifas, precificação e produtos melhores, que devem impulsionar todo o setor", avalia Santos.
Outro grande incentivo de crescimento do setor deve ser o lançamento de seguros de baixo custo, para classes mais populares. A Susep pretende negociar um tratamento fiscal e tributário diferenciado para produtos que atinjam clientes com renda de três a cinco salários mínimos. "Seriam os microsseguros, um mercado que hoje praticamente não existe no Brasil e que aumenta consideravelmente a base de consumo de seguros", explica Santos, que calcula a inclusão de 100 milhões de clientes no mercado com a popularização. O presidente do Sindicato de Corretores de Seguros do Paraná (Sincor-PR), Artur Nogueira Hoff, vê uma boa perspectiva com a ampliação do público das seguradoras. "São seguros de baixo do valor, mas o corretor ganha com a quantidade de novos clientes."
Poucos carros
Segundo o superintendente da Susep, apesar da venda de automóveis no Brasil ter crescido mais de 20% em 2007, os seguros para automóveis devem fechar o ano com um aumento de 5%. "O seguro de vida é o que mais cresce. Este ano, o aumento deve ser de 20%", diz Santos. Ele vê a necessidade de uma política de combate à fraude para que o seguro de veículos se torne mais popular. "Está se tornando cada vez mais comum a formação de um sistema ilegal de seguros. Associações de classe que vendem seguros sem qualquer regularidade, nem base atuarial. Quem compra, não tem qualquer garantia de que vai receber o dinheiro se ocorrer o sinistro", explica.