A contratação de serviços de segurança pessoal e patrimonial ficará 20% mais cara no Paraná a partir de 2013. O aumento se deve à mudança na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que dá aos trabalhadores da área de segurança o direito a 30% de adicional sobre o salário por risco permanente a roubos e violência física até então, o direito era dado apenas a quem estivesse exposto permanentemente a produtos inflamáveis, explosivos ou a energia elétrica. O sindicato dos empregadores já anunciou que o custo deverá ser repassado aos contratantes e, se não houver um parcelamento, o setor poderá ter demissões.
Os vigilantes do Paraná já recebem 15,7% de adicional por risco de vida e a nova regulamentação vai aumentar o valor. Hoje quem ganha o piso da categoria, de R$ 1.140, deverá ter um adicional de R$ 342. Ao mês, os 26 mil vigilantes que atuam no Paraná, segundo dados da Federação dos Vigilantes do Paraná, deverão impactar o setor em, ao menos, R$ 8,8 milhões ao mês. "A mão de obra é a matéria prima do nosso serviço e qualquer custo a mais é passado aos contratos. Como o Paraná já tem o adicional de risco de vida, a contratação do serviço ficará em torno de 20% mais cara", comenta o presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Paraná (Sindesp-PR), Maurício Smaniotto.
O presidente analisa que um posto de vigilante em um condomínio residencial que atue 24 horas custa, até então, cerca de R$ 15,5 mil por mês e, com a nova regulamentação, custará em torno de R$ 19 mil. O custo para o empregador, no entanto, será maior e, segundo Smaniotto, o setor prevê demissões. "Nós acreditamos que haverá demissão porque não conseguiremos repassar o valor integralmente. O ideal é que o aumento fosse escalonado ao longo de quatro anos, com 4% ao ano", comenta. "A lucratividade das empresas é grande. Quanto mais violência tiver, mais aumenta a contratação de seguranças. É um ramo lucrativo e as empresas têm como absorver o custo a mais. É óbvio que vão tentar repassar aos contratos, então as pessoas podem prevêr o aumento no custo da segurança", afirma o presidente da Federação dos Vigilantes do Paraná, João Soares.
Aos poucos
O benefício é considerado uma conquista pelos representantes dos trabalhadores que buscam o adicional há mais de 10 anos. De acordo com o presidente do Sindesp-PR, os empregadores entendem que o adicional é justo, mas deveria ser incluído ao longo de um tempo. "Sempre pedimos que isso fosse escalonado, não de uma vez só, e a cada ano aumentando um pouco, como foi com o adicional de risco de vida", comenta Smaniotto.
Vigilantes já esperam parte extra no salário de janeiro
Caso o adicional não esteja presente no próximo holerite, a categoria terá duas opções, segundo o presidente da Federação dos Vigilantes do Paraná e do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e região, João Soares. "A primeira, e mais provável, é a paralisação exigindo o pagamento imediato. É lei e as empresas precisam atender aos dispositivos da lei. A segunda é através da Justiça. Acredito que as empresas têm condição de efetuar o pagamento e farão para evitar problemas", comenta.
O sindicato patronal está ciente da possibilidade de paralisação, mas aponta que antes de qualquer decisão, as empresas deverão aguardar a normatização do Ministério do Trabalho. "Ainda é preciso a definição do Ministério. O sindicato orienta as empresas que aguardem. Vamos fazer o possível para que não ocorra [paralisação dos seguranças], mas temos que aguardar a determinação, a regulamentação do Ministério do Trabalho antes de tomarmos qualquer decisão", comenta o presidente do Sindesp-PR Maurício Smaniotto.
De acordo com o consultor jurídico do Sindesp-PR, Hélio Gomes Coelho Junior, a nova lei não tem aplicação imediata e, portanto, os trabalhadores não receberão o adicional a partir de janeiro. Os consultores jurídicos do sindicato dos trabalhadores, no entanto, apontam o contrário. O parecer jurídico enviado pela instituição aponta que "a falta de regulamentação pelo Ministério do Trabalho não poderá frustrar o direito dos profissionais de segurança pessoal ou patrimonial a percepção imediata do adicional de periculosidade."
Segundo o superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE-PR) no Paraná, Neivo Beraldin, há realmente a necessidade de uma regulamentação, mas a lei aprovada precisa ser considerada.
De acordo com Beraldin, não é possível obrigar os empregadores a pagarem o adicional sem a regulamentação, mas isso não impede que os trabalhadores reclamem o direito do benefício. "Se o empregado questionar, provavelmente ganhará, porque a lei deixa claro que o adicional já existe, ele apenas será estendido a outra categoria", analisa a advogada especialista em direito do trabalho do escritório Ferreira do Amaral e Bacicheti, Christiane Bacicheti. (AM)