Quando o assunto é seguro residencial o brasileiro ainda não está convencido que contratar é realmente um bom negócio. Estimativa feita pela seguradora BB Mapfre aponta que apenas 10% das residências brasileiras estão seguradas. "Muita gente ainda acha que o seguro da casa vai ser muito caro, porque compara com o preço de carro. Mas os fatores de risco são bem diferentes. O carro circula pela cidade, a casa é um bem estático e fica menos sujeita a riscos", explica Danilo Silveira, superintendente de seguros tradicionais do grupo BBMFRE.
Os pacotes mais básicos dão garantias contra incêndios, roubo e vendaval. O entregador de gás Nelci Francisco Nunes contratou seguro para a casa há dois anos. Na época nem imaginava que poderia usar: foi atraído pela promessa de serviços em especial a troca de eletrodomésticos queimados, problema que enfrentava com frequência. Em uma tarde de novembro do ano passado a família foi para a igreja, mas a filha de 25 anos de Nelci e a sogra, que é deficiente visual, ficaram em casa. As duas conversavam na varanda quando ouviram uma explosão dentro de casa. Deu tempo de escapar sem ferimentos, mas quando os bombeiros chegaram as chamas já tinham consumido todo o imóvel. A família foi avisada as pressas, mas não encontrou nada que pudesse ser aproveitado no meio das cinzas, como conta emocionado o entregador. "A gente perdeu tudo que tinha lutado vinte anos para conquistar. Móveis, roupas, documentos. É muito triste", conta Nelci.
No dia seguinte o seguro foi acionado. A causa do acidente não foi descoberta, as perdas foram avaliadas em R$ 430 mil. A casa da família está sendo reconstruída no mesmo terreno e a seguradora ajuda com o aluguel de outro imóvel até a entrega da casa nova que deve ser nos próximos meses, "Meu plano é voltar pra minha casa e tenho esperança de reconstruir minha vida", afirma Nelci.
O caso de Nelci retrata o que acontece com a maioria das pessoas que contratam seguro residencial. Elas são atraídas pelos serviços e vantagens do pacote, porque ninguém imagina que um desastre como esses possa acontecer. Por isso, as seguradoras incluíram em seus pacotes nos últimos anos uma série de serviços extras, entre eles, de manutenção como encanador, eletricista, chaveiro de emergência, limpeza de caixa dágua e de calha, fixação de prateleiras, varal, quadros, persianas, lâmpadas, chuveiro, tomadas, interruptores, pias, tanques, ralos, torneiras, substituição de telhas, variando conforme o pacote contratado.
Na maioria das vezes os serviços mais simples já estão inclusos nos pacotes, mas alguns podem ser cobrados a parte, a seguradora só indica um profissional de confiança cadastrado pela empresa. E um pacote simples de seguro mais alguns serviços domésticos pode ficar por menos de R$ 180 por mês, dependendo do imóvel.
Empresas tentam criar um pacote para cada público
Os pacotes mais recentes da Porto Seguro são segmentados por público: mulher, sênior e motociclista. As ofertas extras variam de conserto de geladeira, mudança dos móveis de lugar em casa até convênios com óticas e farmácias e descontos na compra de ingressos para o teatro e academias. A seguradora oferece ainda acesso a um cadastro de profissionais que não estão necessariamente relacionados com a contratação de seguro, como assistência técnica de eletrônicos e entrega de encomendas. O cliente da seguradora ganha desconto para contratar, mas qualquer um pode usar os serviços avulsos. Para o carro, alguns pacotes incluem troca de pneu, mecânico, guincho e transporte amigo que manda um táxi buscar o filho na escola, por exemplo. Os serviços também incluem leva e traz do veículo na primeira revisão na concessionária, em caso de zero quilômetro, e atendimento em residências ou veículos de pessoas conhecidas, como reparo em fogão durante um almoço familiar ou guincho para o veículo da amiga, desde que a segurada que assinou o contrato esteja presente.
De acordo com o diretor geral da Porto Seguro, Luiz Pomarole, as vantagens são importantes para manter o cliente fidelizado depois do primeiro ano de contrato. "Seguro e seguradora são iguais em qualquer lugar do mundo. A gente tenta manter o cliente na zona de conforto, porque ninguém contrata querendo usar, mas o plano tem de ser útil. E quando alguma coisa acontece, temos que reduzir ao máximo o desconforto do cliente", afirma o diretor.
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