A redução do IPI segurou o preço dos automóveis novos, e a crise derrubou o valor dos usados. Mesmo assim, o custo médio do seguro do carro disparou 14% ao longo de 2009 na Grande Curitiba, conforme o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O aumento, o mais forte entre as oito regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ocorreu na contramão da tendência observada na maior parte do país na média nacional, o seguro do carro ficou 4,3% mais barato no ano passado.Seguradoras e corretores paranaenses atribuem o reajuste ao aumento dos sinistros na capital. "Com o crescimento da frota de veículos, o número de colisões subiu. Mas o que mais influenciou foi o aumento do índice de furtos e roubos. O que as seguradoras fizeram foi recuperar a tarifa, que estava ficando defasada", justifica Ramiro Fernandes Dias, diretor-executivo do Sindicato das Seguradoras do Paraná e Mato Grosso do Sul (Sindiseg PR/MS).
Difícil foi explicar aos consumidores. Poucos conseguiram entender reajustes de até 50% no seguro em meio à desvalorização geral dos veículos. Na Grande Curitiba, o preço médio dos automóveis novos ficou quase estável em 2009, ao passo que os usados ficaram cerca de 15% mais baratos. "Todos os clientes reclamaram bastante, naturalmente", conta o corretor Herbert Henrique Vicentin, da Vicentin Corretora. Segundo ele, o seguro ficou em média 38% mais nos últimos oito meses. "O índice de sinistros está muito alto. Para quem está renovando e não teve sinistro no ano anterior, ainda conseguimos um desconto. Caso contrário, é muito difícil."
Roubos
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) não tem dados atualizados sobre furtos e roubos na capital. Mas, pelo menos até meados do ano passado, crimes assim estavam subindo. Entre janeiro e junho de 2009, 3.875 veículos foram roubados ou furtados em Curitiba, 12% a mais que em igual período de 2008. No interior do estado, os casos saltaram 23% na mesma comparação, para quase 5,9 mil veículos.
A diferença é que, no interior, a polícia recuperou 69% dos veículos, enquanto na capital o índice ficou abaixo de 50%, segundo a Sesp. Talvez isso explique por que o reajuste na Grande Curitiba foi mais forte que no restante do estado. "Em cidades menores, o aumento ficou em torno de 10% nos últimos três meses de 2009, enquanto que na capital o índice chegou a 15%", diz o corretor Mauro Richter, da Top Milenium Corretora de Seguros, que trabalha em Ponta Grossa e tem clientes em várias cidades.
Vicentin dá o exemplo de duas picapes Volkswagen Saveiro, idênticas, compradas pelo mesmo cliente. O seguro de uma delas, que vai rodar em Londrina, saiu por R$ 1,6 mil; para a outra, que ficou em Curitiba, o custo chegou a R$ 2,8 mil. "Fazer seguro em São Paulo, que sempre foi mais caro, hoje está mais barato que em Curitiba", diz.
Outros estados
A região metropolitana da capital gaúcha é uma das cinco cujas tarifas caíram no ano passado na Grande Porto Alegre, o seguro ficou quase 10% mais barato. No Rio de Janeiro, a queda chegou a 17% e, em Fortaleza, passou de 22%. Os preços também recuaram em São Paulo (-5,3%) e no Recife (-4,4%). Além de Curitiba, apenas as regiões metropolitanas de Belo Horizonte (+11,1%) e Belém (+6,4%) tiveram reajustes em 2009.
Estatísticas da Superintendência de Seguros Privados (Susep), do governo federal, mostram que no Paraná os sinistros têm subido acima da média nacional. Em todo o país, os prêmios (termo que se refere à receita das seguradoras) de seguro de automóvel somaram R$ 15,6 bilhões entre janeiro e novembro de 2009, com aumento de 13% sobre 2008. O desembolso para a cobertura dos sinistros ficou em R$ 10,2 bilhões, com alta de 11%. No Paraná, os sinistros subiram 20%, para R$ 689 milhões, abaixo do avanço de 13% dos prêmios, que somaram R$ 1,144 bilhão. Com isso, a relação sinistro/prêmio, que baixou de 0,67 para 0,65 em todo o país, aumentou de 0,68 para 0,72 no Paraná.
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