Pesquisa inédita divulgada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) na manhã desta sexta-feira mostra que a crise no mercado de trabalho está concentrada em seis setores que, juntos, contribuíram para 57% do total de desligamentos ocorridos no período analisado, de outubro de 2014 a setembro de 2015. Do total de demissões ocorridas no período, o comércio foi o que mais contribuiu, com 16,3% delas. Ele é seguido pela agricultura e pecuária (15,2%), pelos serviços domésticos (10,3%), pela construção e incorporação (6,3%), pelos serviços de alimentação (5,5%) e pela educação (4,1%). Estes seis setores representam apenas 7% do total de setores verificados.
“Não estamos num cataclisma social, pois estes números mostram que a crise é concentrada. Não generalizada. E, quando ele é concentrada é mais fácil atacá-la e sair dela. Estamos longe de um processo de regressão de 20 anos mercado de trabalho como há quem diga”, analisa o técnico de planejamento do Ipea, André Calixtre.
Quase todos esses setores que tiveram maior peso na taxa total de desligamentos foram os que tiveram maior peso no fluxo de empregos do mercado formal para o informal. O comércio voltou a aparecer com destaque. Do total de trabalhadores que migraram da formalidade para a informalidade no período analisado, 16,6% eram do comércio, seguido pela educação (7,4%), pela construção (7%), pela administração pública (6,4%), pelos serviços domésticos (5,6%) e pela agricultura e pecuária (5,5%), contribuindo no total com 48,5% do total de migrações do mercado formal para o informal.
“O comércio ter aparecido com destaque tanto na contribuição para a taxa de desligamentos quanto para a de fluxo de mercado foi uma surpresa, pois geralmente ele é afetado por fatores sazonais. No entanto, apresentou esse comportamento ao longo de todo o período, o que pode ser explicado pela rotatividade no setor”, avalia o coordenador de Trabalho e Renda da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Ipea.
De acordo com a nota técnica do Ipea, o aumento do desemprego no período não veio do aumento nos desligamentos, mas sim de uma diminuição de contrações. E os dados de informalidade mostram que a tendência de queda até meados de 2014 foi revertida a partir do segundo semestre daquele ano, quando a taxa de informalidade (que inclui os sem carteira, sem remuneração e conta própria) estava em 43,9%. Desde então, o índice passou a subir e alcançou a marca de 45,1% no terceiro semestre de 2015.
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