Economistas de bancos norte-americanos no Brasil preveem que Selic seguirá alta até a metade de 2025.| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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A taxa básica de juros no Brasil deve atingir um pico de 12% no início de 2025 mesmo com um indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na presidência do Banco Central. A previsão pessimista de analistas de bancos norte-americanos no Brasil se dá em meio aos trâmites políticos para a sabatina que o economista Gabriel Galípolo enfrentará nesta terça (8), pela manhã, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, e a posterior votação à tarde no plenário da casa.

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Galípolo foi indicado por Lula à sucessão de Roberto Campos Neto no comando da autarquia, com quem o presidente tem rusgas profundas por ter sido um nome escolhido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O petista credita a ele o longo período em que a Selic esteve alta – desde o início deste terceiro mandato – e a lentidão do Comitê de Política Monetária (Copom) em começar a baixá-la.

Na visão de analistas dos bancos Citi, J.P. Morgan e Bank of America no Brasil, a política monetária do país deve continuar restritiva pelo menos até o segundo semestre de 2025 devido a fatores como aquecimento do mercado de trabalho, aumento dos salários e cenário externo, além do risco fiscal crescente.

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David Beker, economista do Bank of America no Brasil, prevê que a Selic atinja o pico de 12% ao ano no início de 2025, com um possível recuo para um dígito apenas no segundo semestre. De acordo com ele, a perspectiva de uma redução significativa dos juros não é descartada, mas, será um processo gradual e dependente de uma melhora nas condições fiscais do país

“A taxa de juros deve atingir o pico de 12% no início de 2025, mas deve ser reduzida no segundo semestre do ano. Podemos voltar para os juros de um dígito”, afirmou à Bloomberg Línea em um evento em São Paulo nesta segunda (7).

Já Leonardo Porto, economista-chefe do Citi no Brasil, afirmou que o país deverá manter a taxa Selic acima de 10% ao ano por um período prolongado, destacando que esse cenário de juros elevados se tornou mais comum no Brasil. “A Selic de dois dígitos vai ser muito mais norma do que exceção. A explicação disso é que no Brasil só foi possível colocá-la a um dígito em situações como a recessão de 2008. O risco fiscal hoje é muito mais alto do que era na época”, disse.

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A visão de ambos é compartilhada por Cassiana Fernandez, chefe de Pesquisa Econômica para a América Latina do J.P. Morgan, que vê a necessidade do governo de controlar o risco fiscal para que esse cenário de juros mais baixos se concretize.

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“Não vejo a impossibilidade de chegarmos a uma taxa de juros perto de 8,5%, mas isso depende de uma redução significativa do risco fiscal”, completou.

Os três economistas concordam que, ao fim de 2025, a Selic deve estar próxima de 10% ao ano, abaixo dos 11,75% projetados para o final de 2024, conforme o boletim Focus do Banco Central. Porto ressaltou que o Banco Central está cumprindo seu papel ao tentar controlar a inflação, apesar de enfrentar fatores tanto internos quanto externos que pressionam os preços.

“A inflação roda acima da meta por fatores domésticos e externos. Portanto, esse ciclo de alta da taxa de juros deve continuar”, explicou.

O cenário atual projetado pelo Citi aponta uma taxa de 11,50% ao ano ao fim do ciclo de elevação dos juros, embora Porto reconheça que esse número pode ser revisto para cima, dependendo da evolução dos riscos. “O risco é que a alta seja muito maior que isso, e nossa estimativa está sendo constantemente revisada”, pontua o economista.

“A seca no país já começa a afetar os preços de energia e alimentação, com o IGP mais alto em uma economia aquecida, com o mercado de trabalho apertado e as expectativas de inflação desancoradas. O BC precisa ser, no mínimo, cauteloso”, alertou a economista do J.P. Morgan.

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Fernandez também chamou a atenção para os estímulos econômicos da China, que podem afetar os preços das commodities. Para ela, se antes a desaceleração da economia chinesa ajudava a controlar os preços, os recentes estímulos podem voltar a pressionar os custos.

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