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Selic voltará a um dígito, afirma Copom

O Banco Central (BC) avalia que a economia brasileira passou por mudanças estruturais significativas que determinaram recuo nos juros básicos e que é alta a probabilidade de a taxa Selic se deslocar para patamares de um dígito. É o que aponta a ata da primeira reunião do Comitê de Política Monetário (Copom) deste ano, divulgada ontem. No encontro, o BC reduziu de 11% para 10,5% a taxa Selic.

Segundo o BC, o cenário de queda dos juros para o patamar de um dígito deve ocorrer considerando que a desaceleração da economia brasileira no segundo semestre do ano passado foi maior que a esperada e que eventos recentes indicam postergação de uma solução definitiva para a crise financeira europeia neste momento. "O Copom atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito", diz o texto da ata.

De acordo com a ata, o processo de redução dos juros foi favorecido por mudanças na estrutura dos mercados financeiros e de capitais, pelo aprofundamento do mercado de crédito e pela geração de superávits primários consistentes. "Em virtude dos próprios ciclos econômicos, reversões pontuais e temporárias podem ocorrer – e contribuem para que a economia brasileira hoje apresente sólidos indicadores de solvência e de liquidez", ressalta o documento.

"Eu nunca vi uma ata tão explícita como essa", comentou o economista-chefe do HSBC Bank Brasil, André Loes. Segundo ele, o Copom foi mais direto que o normal. "Isso está em linha com nosso cenário, que contempla mais três cortes de 0,50 ponto porcentual na Selic, para 9% ao ano", informa Loes. Está em linha também, de acordo com ele, com a política geral do governo, que pretende fazer uma política econômica mais forte para obter uma política fiscal mais consistente e dar mais espaço para a política monetária.

"Eu tenho minhas dúvidas quanto à execução da política fiscal, entre outras coisas por causa do aumento do salário mínimo e porque a desaceleração dos gastos em infraestrutura no ano passado, apesar de ter sido resultado de uma tentativa de fazer ajuste fiscal, contou com aquele monte de mudanças no Ministério dos Transportes, que é uma pasta gastadora neste sentido", explicou Loes.

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