Terminou sem acordo na noite de ontem a última tentativa de encerrar a greve nos Correios antes do julgamento da questão no Tribunal Superior do Trabalho (TST). A greve agora vai ser julgada às 16 horas de hoje no próprio TST. Serão analisadas as questões do reajuste econômico, o desconto dos dias parados e também a abusividade da paralisação, que começou no dia 14 de setembro.

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Os encontros na noite de ontem foram solicitações dos representantes dos funcionários grevistas ao TST para que intermediasse uma nova rodada de negociações com os Correios. O ministro relator da questão, Mauricio Godinho Delgado, recebeu em separado diretores da empresa e também representantes da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect).

Ontem, as 35 assembleias de sindicatos regionais em todo o país rejeitaram a proposta do presidente do TST, João Orestes Dalazen, de concessão de abono de R$ 800 e aumento real de R$ 60 a partir de janeiro, apresentada na última sexta-feira. Pela proposta, os seis dias descontados na folha de pagamento de setembro seriam devolvidos e descontados a partir de janeiro de 2012, na proporção de meio dia por mês.

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Amanda Gomes Corcino, presidente do Sintect-DF, disse que o ponto de impasse é o desconto dos seis dias. "Os trabalhadores não vão aceitar", ressaltou. Caso haja o julgamento do dissídio, porém, todos os dias de greve devem ser descontados, e de uma só vez, conforme advertiu o próprio presidente do TST. Esse desconto representaria a perda de um mês inteiro de salário, já que a greve completou 27 dias. O número de correspondências em atraso já chegou a 173 milhões.

Mesmo com o julgamento hoje, a greve só deve ser encerrada na quinta-feira porque o resultado precisará ser levado para as 35 assembleias da categoria – o que não deve acontecer após a sessão, porque quarta-feira é feriado. "O ministro nos alertou dos riscos, mas as duas propostas que nos foram apresentadas já foram rejeitadas nas assembleias. Então vamos aguardar o julgamento da greve", disse o secretário-geral da Fentect, José Rivaldo da Silva.

Bancários

A greve nacional dos bancários cresceu ontem, apesar de o governo federal ter mandado as direções do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal cortar o ponto dos seus grevistas. No 14.º dia de paralisação, a categoria fe­­chou 9.090 agências e vários centros administrativos de bancos públicos e privados em todo o Brasil, informou a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf). Na sexta-feira, estavam paradas 8.951 agências.

Segundo a entidade, a greve, que já é a maior da categoria nos últimos 20 anos em adesão, caminha para se tornar também a mais longa – em 2004, a paralisação durou 29 dias. O Comando Nacional dos Bancários se reunirá hoje em São Paulo para avaliar a greve e ampliar o movimento. "Vamos intensificar a mobilização para pressionar os bancos e arrancar novas conquistas", afirmou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf e coordenador do Co­­mando Nacional dos Bancários.

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