Se o Sudeste não receber chuvas generosas até o fim do ano, o sistema elétrico brasileiro poderá passar por sérias dificuldades já em 2007, inclusive com risco de racionamento. A opinião é do diretor presidente da Copel, Rubens Ghilardi. Segundo ele, a estiagem de quase nove meses reduziu a água dos reservatórios das hidrelétricas do Sul do país, obrigando a região a importar mais energia do Sudeste. Tudo isso em meio à escassez de gás natural, que faz com que pelo menos cinco termelétricas brasileiras construídas justamente para períodos emergenciais estejam paradas por falta de combustível.
"Se não chover no Sudeste até o fim do ano, não tem saída. Teria que chover muito aqui e, no momento, os reservatórios estão só com 40% de sua capacidade." Segundo Ghilardi, se um racionamento for necessário, o ideal seria começar a reduzir a carga direcionada aos consumidores desde já o que dificilmente ocorreria antes das eleições, avalia. "O sistema teria de reduzir a carga direcionada às indústrias, ou elas teriam que mudar seus horários de funcionamento. Seria um esforço para não repetir o que aconteceu em 2001."
Curiosamente, a situação para a próxima década parece estar mais tranqüila, principalmente após o leilão de energia nova realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na última terça-feira que negociou 1,1 mil megawatts (MW) para 2011 e foi considerado "um sucesso" pelo governo federal. Duas usinas foram arrematadas: a de Dardanelos (MT), de 261 MW, e a de Mauá, no Paraná, de 362 MW.
Quem comprou a última foi o Enersul, consórcio formado por Copel (com 51% do capital) e Eletrosul (40%), que vão investir R$ 945 milhões na construção da hidrelétrica, que ficará no Rio Tibagi, na região dos Campos Gerais. A Copel vai usar dinheiro do caixa para esse investimento. Os R$ 600 milhões que a estatal captou na semana passada, em debêntures, serão usados para liquidar uma emissão anterior, no valor de R$ 400 milhões, e amortizar parte das debêntures emitidas em maio do ano passado. (FJ)