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sistema financeiro

Sem comprador, BC liquida banco Cruzeiro do Sul

O Banco Central decretou ontem a liquidação do Banco Cruzeiro do Sul, após o fracasso das negociações para a venda da instituição ao Santander. As conversas com o grupo espanhol se estenderam até a noite de quinta-feira, mas não tiveram um desfecho favorável. Sem um comprador, o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) recomendou ao Banco Central a liquidação do banco.

O Cruzeiro do Sul teve um rombo contábil de R$ 3,1 bilhões e está com patrimônio negativo. Apesar do fracasso em encontrar um novo dono, as negociações com os credores foram bem e quase 90% deles aceitaram o desconto de 49,3% no valor das dívidas. Para evitar a liquidação, contundo, o FGC tinha de achar um comprador e negociar com os credores o perdão da dívida.

Com a liquidação, os credores terão de reclamar na Justiça esses pagamentos. O FGC garante a cobertura integral de depósitos até R$ 70 mil e mais os CDBs que foram comprados com garantia especial, conhecidos como DPGE. Com a liquidação, o FGC deve desembolsar R$ 1,9 bilhão para essas coberturas.

Negociações

Cinco bancos se credenciaram para analisar os dados estratégicos do Cruzeiro do Sul, mas três desistiram na semana passada por achar o negócio arriscado. Nesta semana, só o Bradesco ainda participava das negociações. O BTG Pactual, que era visto como um dos favoritos, também desistiu de fazer uma oferta. Na última hora, negociadores foram atrás do Santander, que aceitou discutir o assunto.

Um dos entraves era a dúvida quanto ao valor de benefício fiscal que poderia ser apurado no caso da compra. As estimativas iniciais eram de até R$ 1 bilhão em economia de impostos nos próximos anos. O problema é que esse benefício fiscal foi calculado com base em dados que são contestados. O comprador teria ainda de trazer pelo menos R$ 700 milhões ao Cruzeiro do Sul.

O rombo é decorrente de mais de 300 mil empréstimos consignados fictícios, maquiagem de balanço, entre outros crimes. O principal negócio do Cruzeiro do Sul é o consignado, que não motiva mais os grandes bancos comprarem instituições menores porque eles próprios estão fazendo essas operações, com custos menores. Além do consignado, o banco tem uma corretora e uma gestora de fundos.

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